De acordo com o Barómetro da RSF, dos 550 jornalistas e outros profissionais dos media actualmente detidos, mais de 13% são mulheres (73), uma percentagem que duplicou nos últimos cinco anos. As profissionais da informação, mais numerosas e visíveis nas redacções, são também vítimas de uma repressão implacável em 14 países, liderados pela China (21 mulheres jornalistas presas), Irão (12), Mianmar (10), Bielorrússia (10), Vietname e Turquia (4).

Na vanguarda das crises, as jornalistas estão a pagar o preço de se encontrarem na linha da frente. No Irão, 12 jornalistas estão actualmente presas, 11 das quais em consequência das manifestações que ocorreram após a morte de Mahsa Amini. Duas delas, Nilufar Hamedi e Elahe Mohammadi, podem ser condenadas à pena de morte.

Em Mianmar, reportar a violência dos militares que tomaram o poder no golpe de 1º de Fevereiro de 2021, custou à jornalista independente Htet Htet Khine, uma dupla condenação de três anos de prisão e trabalhos forçados.

A Bielorrússia, destacou-se no Balanço RSF 2021 por ser o país com mais mulheres que homens jornalistas na prisão (17, em comparação com 15), mantém nove delas atrás das grades por terem coberto manifestações não autorizadas.

No Vietname, as autoridades transferiram há um ano, para um centro penitenciário, localizado a mil quilómetros a sul de Hanói, a premiada do Prêmio RSF de Impacto 2019, Pham Doan Trang, a fim de silenciar qualquer informação sobre o seu estado de saúde, que é crítico.

No Afeganistão, em menos de dois anos, metade dos 526 órgãos de comunicação que existiam, até o Verão de 2021, fecharam.  Das 2300 mulheres jornalistas registadas antes de 15 de Agosto de 2021, data da chegada dos talibãs ao poder, menos de 200 continuam actualmente activas. Isso representa que quase todas as mulheres jornalistas (90%), deixaram os seus empregos. Algumas jornalistas afegãs fugiram do país, mas o número exacto das que conseguiram o exilio ainda é desconhecido.

As jornalistas que permanecem enfrentam condições de trabalho draconianas, quando não impossíveis. Recentemente, os talibãs proibiram-nas de entrevistar homens e, em algumas províncias, até de comparecer em conferências de imprensa. Não podem apresentar programas de rádio ou televisão na companhia de homens ou receber convidados masculinos.

O Ministério talibã da Propaganda da Virtude e da Prevenção do Vício também impôs restrições estritas na forma de vestir: diante das câmaras, os corpos femininos devem estar cobertos da cabeça aos pés e apenas os olhos podem ser visíveis.