A Índia e a China deram início a uma nova disputa diplomática, acusando-se mutuamente de criar dificuldades na concessão de vistos aos seus jornalistas colocados em Nova Deli e Pequim.

A troca de acusações ocorreu dias depois de a Índia se opor à renomeação, por parte da China, dos nomes de 11 locais no estado oriental de Arunchal Pradesh, território que a China reivindica como seu e ao qual chama de sul do Tibete.

Alguns jornais indianos relataram que dois jornalistas daquele país, destacados em Pequim, foram impedidos de retornar aos seus empregos na capital chinesa, quando regressaram da Índia.

Uma fonte indiana, disse à Reuters que correspondentes do jornal The Hindu e da emissora estatal Prasar Bharati foram informados que os seus vistos foram congelados.

Questionada sobre as suspensões de vistos, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que os jornalistas chineses recebem um tratamento injusto e discriminatório na Índia, há muito tempo, e que um jornalista da Xinhua foi recentemente convidado a deixar a Índia até ao final de março.

"A China sempre tratou bem os jornalistas indianos", disse Mao. As autoridades chinesas entraram em contacto com o governo indiano, que não respondeu "nem corrigiu o erro", disse ela. E acrescenta: "a China, portanto, tem que tomar contra-medidas correspondentes para salvaguardar os nossos interesses legítimos. A China dá as boas-vindas aos jornalistas indianos para trabalhar na China. Se a Índia puder corrigir os seus erros, a China está disposta a continuar a facilitar os jornalistas indianos na China".

Por outro lado, em Nova Deli, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Arindam Bagchi, disse que a Índia espera que "as autoridades chinesas facilitem a sua presença continuamente".

As relações entre os dois países asiáticos deterioraram-se desde meados de 2020, quando as tropas chinesas e indianas intervieram num confronto, na disputada fronteira dos Himalaias, originando várias vítimas.

A situação acalmou, em grande parte, após negociações militares e diplomáticas, mas a tensão mantém-se ao longo da fronteira.