Google bloqueia “links” de notícias locais na Califórnia
A Google está a testar temporariamente o bloqueio de links de notícias locais na Califórnia, na sequência de um projeto de lei que visa exigir que grandes empresas de tecnologia paguem uma “taxa de utilização de jornalismo”, noticia o The Guardian.
Esta mudança está a ser sentida apenas por alguns utilizadores, embora não haja informação sobre quantas pessoas estão a ser afectadas. O vice-presidente do departamento de “global news partnerships” da Google, Jaffer Zaidi, explicou que a empresa está a testar a remoção dos links numa “pequena percentagem” da população, como forma de preparação, caso a lei seja aprovada.
Se a legislação, conhecida como Lei de Preservação do Jornalismo da Califórnia (California Journalism Preservation Act, no original), for aprovada, as grandes plataformas terão de pagar uma taxa por usarem links de notícias publicadas por órgãos de comunicação deste estado norte-americano. A proposta de lei já foi aprovada em assembleia em 2023, mas precisa ainda de passar no senado.
Jaffer Zaidi considera que a lei põe em risco o apoio ao “ecossistema noticioso” da Califórnia. “Para evitar um resultado em que todas as partes perdem e a indústria dos média sai a perder, instamos os legisladores a adoptar uma abordagem diferente”, disse numa publicação no blogue oficial da empresa.
“Já temos dito que esta é a abordagem errada para apoiar o jornalismo. Se for aprovada, a lei pode resultar em mudanças significativas nos serviços que podemos oferecer aos californianos e no tráfego que proporcionamos às publicações”, lê-se no texto. O responsável avisa, ainda, que a Google irá fazer uma pausa “em novos investimentos” no sector na Califórnia.
A legislação em causa tem como objetivo principal apoiar o jornalismo local, que tem enfrentado desafios significativos devido à ascensão das redes sociais e outras formas online de acesso às notícias. No entanto, os críticos argumentam que a legislação favorece predominantemente os grandes conglomerados de média.
Um estudo de Novembro da Free Press Action indicava que mais de 80% dos sites que receberiam o reembolso exigido pela lei agora proposta são detidos por apenas 20 empresas — com grandes grupos, como a News Corp e a Gannett, a beneficiarem amplamente da legislação.
Numa altura em que o estado do Illinois está a considerar a aprovação de uma lei semelhante, este é apenas mais um confronto entre as grandes empresas tecnológicas e a indústria dos média. A Meta, empresa-mãe do Facebook, também tem reagido a iniciativas legislativas na Austrália e no Canadá com a eliminação de funcionalidades que usam links de notícias.
(Créditos da fotografia: Firmbee.com no Unsplash)