Esta mudança está a produzir desequilíbrios que perturbam as bases do jornalismo; em particular, na forma positivista que configurou os seus processos de produção.

Se a bibliografia profissional se tem concentrado, principalmente, na questão dos modelos de negócio, ou nas formas de aplicação e desenvolvimento de novas tecnologias, inteligência artificial ou Big Data, entre outros, percebe-se que há uma escassez de pesquisas no que se refere aos fundamentos epistemológicos, do jornalismo.

É o que se reflecte na preferência anglo-saxónica, agora em voga, enquadrada no que se chama metajornalismo, entendendo este fenómeno como a produção daquela parte do discurso informativo com que os media se referem a si próprios, aos seus profissionais e ás suas circunstâncias.

Segundo o autor, vivemos numa era de contrastes e paradoxos. Alguns sintomas são a divergência entre as demandas da audiência e a oferta dos media, a superficialidade e as suas implicações para com a responsabilidade social.

Oceja, menciona “sete pecados capitais” que aprofundam a crise económica e a credibilidade dos media: o partidarismo, o sensacionalismo, a convivência com o poder, a obrigação de páginas preenchidas, falta de autoridade, circulação reduzida, falta de rigor ou menos atenção ao que é divulgado.

O condicionalismo profissional e laboral, provocado pela digitalização, coloca-nos um cenário cuja tentação é o excesso de regulamentação. “Os maiores problemas enfrentados pelo jornalismo, como forma de comunicação, advêm da ampliação das interações sociais entre as emissoras e o público por meio do novo ecossistema mediático. Este estado de coisas afecta decisivamente as bases sobre as quais assenta esta relação, que são sempre as da confiança como forma de credibilidade pessoal e social. De facto, o último Relatório sobre a confiança nos espanhóis aponta para sua perda no trabalho dos jornalistas”, afirma Oceja.