O anúncio foi feito quando o Grupo procurava aumentar a receita dos jornais alemães Bild e Die Welt e fazer a transição para se tornar uma “empresa de media puramente digital.

“A automação e a IA estão a tornar-se cada vez mais redundantes em muitos dos empregos que sustentam a produção de jornalismo”, afirmou Mathias Doepfner.

O CEO, na carta interna aos colaboradores, acrescentou que, “a inteligência artificial tem o potencial de tornar o jornalismo independente melhor do que nunca ou simplesmente substituí-lo”.

“Ferramentas de IA como o popular ChatGPT, prometem uma revolução nos media e em breve serão melhores na agregação de informações do que os jornalistas humanos”, afirmou.

“Entender essa mudança é essencial para a viabilidade futura de uma editora”, disse Doepfner. “Somente aqueles que criam o melhor conteúdo original sobreviverão.”

A Axel Springer não especificou quantos jornalistas poderiam ser dispensados, mas prometeu que nenhum corte seria feito no número de “repórteres, autores ou editores especializados”.

Na carta enviada à equipa, Doepfner declara que “os meios de comunicação devem concentrar-se no jornalismo de investigação e nos comentários originais, enquanto a descoberta dos verdadeiros motivos por trás dos eventos continua a ser um trabalho para os jornalistas”.

A Axel Springer, não é a primeira editora de notícias a experimentar o uso de IA na criação de conteúdos. Em Janeiro, o BuzzFeed, anunciou que planeava usar inteligência artificial para “aprimorar” os seus conteúdos e questionários online.

Os jornais britânicos Daily Mirror e Daily Express também estão a explorar o uso da IA, e criaram um grupo de trabalho para analisar “o potencial e as limitações de aprendizagem de sistemas como o ChatGPT”, disse o executivo-chefe do Grupo ao Financial Times.

Desde o seu lançamento em Novembro, do ano passado, o ChatGPT, angariou mais de 100 milhões de utilizadores e acelerou as previsões sobre se alguns empregos poderiam ser redundantes devido à inteligência artificial.

O programa pode gerar textos altamente sofisticados a partir de simples perguntas dos utilizadores, produzindo desde ensaios e pedidos de emprego até poemas e obras de ficção. O ChatGPT é um modelo de linguagem ampla, treinado pelo upload de biliões de palavras de texto quotidiano de toda a Web para o sistema. Em seguida, utiliza todo esse material para prever palavras e frases em determinadas sequências.

No entanto, a precisão das suas respostas foi questionada. Académicos australianos encontraram exemplos do sistema e referências inventadas com citações falsas.

O site de tecnologia CNET, supostamente, está a usar uma ferramenta de IA para gerar artigos que são posteriormente revistos por editores humanos, para serem certificados antes da publicação. Mas, o site reconheceu em Janeiro, que o programa tinha algumas limitações, depois de um relatório do Futurism. ter revelado que mais de metade das histórias geradas por meio de ferramentas de IA, tiveram que ser editadas por apresentarem erros.

Num dos exemplos, a CNET, foi forçada a fazer grandes correcções num artigo explicativo sobre juros compostos que continha vários erros simples.