O primeiro número do jornal francês Le Monde foi publicado no dia 18 de Dezembro de 1944. Há 80 anos, uma folha de papel impressa em frente e verso, fruto do trabalho de menos de 40 jornalistas, marcaria o início de uma história de sucesso.

Actualmente, o Le Monde conta com mais de 540 jornalistas, edição em papel e digital, aplicações móveis e redes sociais, podcasts, edições em francês e em inglês, mais de 600 mil assinantes, e “um número bem mais alargado de leitores em todo o mundo”, descreveu o actual director Jérôme Fenoglio, num editorial no início de 2024.

Para celebrar a efeméride, o jornal tem publicado, ao longo deste ano, artigos de fundo sobre a forma como o diário tem abordado, nas suas oito décadas de vida, os mais prementes assuntos sociais, políticos, económicos, culturais.

O primeiro desses artigos saiu no dia 8 de Março, sendo dedicado à igualdade de género: “Le Monde e as mulheres: Do direito de voto ao #MeToo”.

Foram, também, publicadas reportagens sobre a cobertura dos presidentes da 5.ª República (Abril), o conflito israelo-palestiniano (Maio), o cinema francês (Maio), a Europa (Junho), os Jogos Olímpicos (Julho), a exploração espacial (Setembro), as questões raciais nos EUA (Outubro) e a imigração (Novembro), entre outros temas.

Uma breve história do jornal

“Entre a publicação do primeiro número do jornal no dia 18 de Dezembro de 1944 e as chegadas à nova sede do Grupo e à rede social TikTok em 2020, o jornal e a empresa que o edita têm evoluído consideravelmente”, lê-se num artigo com uma cronologia do periódico.

Estes são alguns dos acontecimentos mais marcantes nos 80 anos de vida do Le Monde:

  • 18 de Dezembro de 1944: fundação do jornal por Hubert Beuve-Méry e publicação do primeiro número.
  • 1951: Criação da Sociedade de Redactores do Le Monde (SRM), que conferiu ao jornal uma estrutura accionista diferenciadora. Após uma crise entre os proprietários sobre a direcção editorial do jornal, os redactores e editores apoiaram o director e fundador, Hubert Beuve-Méry, e constituíram uma sociedade anónima para adquirir uma participação no jornal.
  • 1954: Lançamento do Monde Diplomatique.
  • 1968: A SRM tornou-se a principal accionista do jornal.
  • 1978: Foi publicada a primeira ilustração do cartunista Plantu na primeira página.
  • 1995: Criação do site do Le Monde.
  • 2001: Compra do Courrier International.
  • 2008: O jornal lançou-se nas redes sociais, começando pelo Facebook, estando hoje em dia nas plataformas mais relevantes, incluindo o TikTok.
  • 2010: O Grupo foi comprado por Pierre Bergé, Xavier Niel e Matthieu Pigasse. Foi feito um acordo com os novos proprietários para preservar a independência editorial do jornal.
  • 2020: Mudança para a actual sede, em Austerlitz.
  • 2021: A marca de meio milhão de assinantes foi atingida.
  • 2022: Lançamento do Le Monde em inglês.
  • 2024: O Fundo para a Independência da Imprensa passou a ser o accionista maioritário do Grupo, que é, agora, detido por esse fundo (72%) e pelo Centro de Independência do Grupo (25%), que reúne accionistas históricos, jornalistas, funcionários e leitores.

Os resultados do Le Monde e o seu contexto editorial

O diário francês conta, actualmente, com 22 milhões de leitores mensais, tendo já ultrapassado a marca dos 500 mil subscritores digitais, sendo o jornal nacional com maior número de leitores no país.

Em 2022, o Le Monde alcançou os 2,9 milhões de leitores por dia, em papel e no digital, segundo a Alliance for Press and Media Figures (ACPM), que audita as estatísticas da imprensa em França.

Do ponto de vista demográfico, os leitores do jornal francês estão distribuídos de forma muito equitativa entre homens e mulheres (50,4% e 49,6%, respectivamente) e pelas várias faixas etárias (25,3%, entre os 15 e os 34 anos; 24,1%, dos 35 aos 49; 24,6%, dos 50 aos 64; e 26%, entre as pessoas com mais de 65 anos).

O Le Monde faz parte do Grupo editorial com o mesmo nome, fundado em 2000 e anteriormente conhecido por La Vie-Le Monde.

Com um volume de negócios a rondar os 300 milhões de euros (valores de 2022), do Grupo fazem parte também publicações como o Le Monde Diplomatique, Télérama, Courrier International e La Vie.

(Créditos da fotografia: Arthur Weidmann via Wikimedia Commons)