No entanto, o Líder Supremo da República Islâmica do Irão, o Ayatollah Ali Khamenei, fez um discurso em Maio de 2000, onde implicitamente determinou o encerramento em massa de órgãos de comunicação social. Depois disso, um grande número de jornalistas foi preso e condenado a longas penas de prisão, relata Fariba Pajooh, no artigo publicado pela Columbia Journalism Review.

Segundo a jornalista, actualmente os media no Irão são amplamente controlados pelo governo e instituições de segurança. Vários jornalistas foram presos recentemente por cobrir as manifestações que ocorreram em resposta à morte de Mahsa Amini, uma jovem iraniana que sucumbiu sob custódia da polícia da moralidade e dos costumes.

As manifestações foram brutalmente reprimidas pelas forças de segurança. Em resultado disso, os iranianos recorrem a fontes de notícias alternativas fora do país e usam plataformas de media social bloqueadas, como VPNs, para aceder às notícias e usam plataformas como Twitter, Instagram, WhatsApp, Telegram e Clubhouse para comunicar e organizar o seu trabalho.

Até recentemente, o cenário mediático iraniano era relativamente estável. A TV nacional, ou Islamic Republic of Iran Broadcasting, uma empresa de media controlada pelo Estado, tem o monopólio dos serviços domésticos de rádio e televisão. O seu administrador é nomeado directamente pelo Ayatollah Khamenei.

A maioria dos jornais impressos, também é controlada em certo grau pelo governo e pelas instituições de segurança. A Keyhan, Fars News Agency e Tasnim são geralmente controladas, directa ou indirectamente, pelo Corpo de Guardiões da Revolução Iraniana, os temidos “enforcers” da nação.

Alguns jornais, como o Shargh, Etemad e Ham-Mihan, podem publicar críticas limitadas ao governo, mas muitos iranianos procuram as notícias em meios de comunicação fora do país.

Hoje, é tabu escrever sobre certos tópicos. “Como repórter, eu não escrevia directamente sobre temas como os direitos das mulheres. Mas encontrava maneiras de abordar essas questões. Durante anos, trabalhei com os media iranianos no Afeganistão. As mulheres afegãs tinham o direito de ir aos estádios para assistir ao futebol, enquanto as mulheres no Irão não dispunham desse direito. Eu escrevia artigos sobre o entusiasmo das mulheres afegãs, no estádio de Cabul, a torcer pelas suas equipas. Desse modo, a audiência iraniana podia entender que eu também estava a defender os direitos das mulheres iranianas”, esclarece Pajooh.

Como jornalista no Irão, se você atravessa as linhas vermelhas de uma maneira mais óbvia, sofre as consequências. Eu aprendi isso em 2009, quando fui colocada em confinamento solitário na prisão de Evin, por 124 dias, sob a acusação de "difamação contra o governo e propaganda contra o regime, por escrever sobre o Irão para a media internacional e ocidental".

Recentemente, as instituições de segurança iranianas apresentaram acusações contra duas jornalistas mulheres, Elaha Mohammadi e Niloofar Hamedi, por "dependência de serviços de inteligência ocidentais que organizaram acções de subversão”.