Mulheres e jornalistas negros são particularmente vulneráveis a esses ataques, observa Jacob Nelson, professor assistente do Departamento de Comunicação da Universidade de Utah e autor de um estudo recente, “Journalists’ Reactions to Newsroom Social Media Policies”.

O estudo, publicado no Digital Journalism, é baseado em entrevistas aprofundadas com 37 repórteres, editores, freelancers e gestores de media social e engajamento do público nos EUA e Canadá, que eram ou são funcionários de órgãos de informação, locais ou nacionais, com ou sem fins lucrativos, impressos ou difundidos por canais digitais.

Segundo autor, vale a pena notar que o estudo de Nelson, pode ou não aplicar-se a outros países, pois as culturas de redacção e as abordagens às medias sociais, liberdade de expressão e assédio online variam de acordo com o país.

Mas as suas descobertas ecoam o que estudos anteriores baseados em entrevistas com jornalistas descobriram, destacando o complicado papel das medias sociais no jornalismo de hoje.

Embora muitos jornalistas achem as plataformas como o Facebook e Twitter de valor inestimável para as suas reportagens, eles também as vêem como lugares perigosos e perturbadores. E, embora muitas redacções incentivem os jornalistas a marcar presença nas redes sociais, pouco fazem para protegê-los quando são atacados online.

O autor, enuncia vários estudos levados a cabo nos últimos anos que instam os líderes e organizações de notícias a encontrar maneiras de proteger os seus jornalistas quando são assediados online.

No estudo, “The Chilling: A Global Study of Online Violence Against Women Journalists”, publicado pelo International Center for Journalists em Novembro de 2022, realizado durante três anos com 1.100 participantes em 15 países, incluindo os EUA, sinalizou 73% dos entrevistados identificados como mulheres, que revelaram serem objecto de violência online.

As jornalistas negras, indígenas, judias, árabes, asiáticas e lésbicas que participaram, obtiveram as taxas mais altas e os impactos mais graves da violência online.

Os autores enfatizam o papel de várias entidades, incluindo organizações de notícias, no desenvolvimento de “protocolos com consciência de género para responder à violência online, parar de culpar as vítimas e evitar restrições desproporcionais ao discurso de mulheres jornalistas quando elas são atacadas”.

Um estudo de 2021, publicado na Journalism Practice, com base em entrevistas com 31 jornalistas dos EUA, não encontrou “quase nenhuma intervenção no nível do sistema em relação ao assédio do público, nas medias sociais ou à saúde mental a longo prazo dos jornalistas”.

Os autores desse estudo descobriram que os jornalistas enfrentam três tipos de assédio: “assédio agudo, como abuso verbal generalizado; assédio crónico que ocorre ao longo do tempo e geralmente dos mesmos utilizadores da rede social; e assédio escalonado que é mais personalizado e directamente ameaçador”. As mulheres eram mais propensas a sofrer assédio crónico e progressivo, escrevem os autores.

Estudos mostraram que o assédio online de jornalistas, particularmente mulheres jornalistas e jornalistas negros, pode afectar a sua saúde mental.

No comentário “O que será necessário para os líderes de redacção apoiarem e defenderem os jornalistas?” publicado em Setembro de 2022, na Monografias de Jornalismo e Comunicação, Tracy Everbach, professora de jornalismo da University of North Texas, escreve: “Não devia ser necessário que alguém vandalizasse a casa de um director para chamar a atenção dos líderes da redacção para a defesa dos jornalistas. Todos nós temos a responsabilidade de preparar, treinar, colocar e reter jornalistas em ambientes seguros e inclusivos.”