O grupo de especialistas, que compareceu no subcomité sobre os “danos online e desinformação”, informou os parlamentares que os desmentidos, muito longos, provavelmente não estão a chegar ao público alvo. Alertou também, para o facto de o aumento do interesse das grandes empresas tecnológicas na verificação de factos, poder vir a criar um mercado comercial do sector das verificações, de “baixa qualidade”.

“De acordo com a última pesquisa da Ofcom, um terço das pessoas que estão online não reconhecem existir um potencial de desinformação”.

Questionados sobre como a desinformação nas redes sociais pode ser controlada, os especialistas sugeriram programas de literacia mediática, especialmente para crianças, e, a presença dos media onde as pessoas encontram a desinformação.

“Muitas vezes, os indivíduos mais afectados pela desinformação não são necessariamente aqueles que procuram informar-se no site da BBC, ou que acedem ao Full Fact, para descobrirem o que é verdade ou mentira. Precisamos estar nos espaços que frequentam, no Tiktok, Telegram ou no Instagram a transmitir informação de qualidade”.

“Precisamos aprender com os produtores de desinformação, porque são extremamente bons a chamar a atenção das pessoas. São realmente bons comunicadores. E, portanto, precisamos usar os mesmos tipos de técnicas”, afirmou Skippage, um dos membros do painel.

Esse tipo de conteúdos de desinformação é “dirigido a pessoas que são directamente afectadas por determinadas situações. Apresentados com gráficos fantásticos de um modo muito simples e atraente. Automaticamente somos atraídos para esse tipo de conteúdos”.

Por isso, “nem com a melhor boa vontade do mundo, um artigo de duas mil palavras no site de uma editora, consegue contrariar algo que realmente nos atrai”.

O painel de especialistas, concluiu, também que “em grande parte são organizações comerciais que fornecem serviços de verificação de factos para empresas na internet”, e acrescentou “estamos preocupados que, na verdade, haja uma espécie emergente de verificação de factos online, de baixa qualidade que realmente destrói a reputação da “verificação de factos”.

Essa é uma das razões porque a Full Fact, apoiou a criação de um organismo chamado “Rede européia de padrões de verificação de factos”, com a finalidade de estabelecer um novo código deontológico entre os países do Conselho da Europa que, possa definir padrões de alta qualidade para verificação de factos, incluindo metodologia e transparência”.