Corrida contra o tempo para evitar fecho da TIN
O presidente da Trust in News (TIN), Luís Delgado, anunciou que vai apresentar um novo plano de reestruturação da empresa ainda em Dezembro, noticia o Eco.
A TIN, proprietária de 17 títulos, entre os quais a Visão, Exame, Jornal de Letras e Caras, foi declarada insolvente no dia 4 de Dezembro. Em causa estão 137 postos de trabalho, segundo dados da Comissão de Trabalhadores do Grupo.
“Este plano, com medidas directas específicas, vai ser apresentado no dia 27 de Dezembro junto do tribunal”, disse Luís Delgado numa audição na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no passado dia 18 de Dezembro. A sessão foi requerida pelos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra o Grupo de media.
O presidente do Grupo referiu que não sabe “como vai acabar a empresa”. “Até pode acontecer, como já ouvi, que o administrador de insolvência, se não tiver dinheiro para pagar os ordenados, irá imediatamente para liquidação”, disse.
A TIN tem uma dívida que ascende a quase 33 milhões de euros, sendo o Estado (Segurança Social e Autoridade Tributária) o principal credor.
A administração da empresa apresentou, em Maio deste ano, um Processo Especial de Revitalização (PER), no sentido de renegociar as dívidas.
“Chegámos ao PER com a ideia absoluta […] de que teríamos o tempo” necessário para encontrar o equilíbrio entre das contas, disse Luís Delgado na audição no Parlamento, citado pela RTP.
“Não fomos nós que levámos a empresa ao pedido de insolvência”, afirmou o empresário, acrescentando que só se avançou para essa saída porque “a Autoridade Tributária e a Segurança Social se recusaram a aprovar o PER”.
Depois de o PER ter sido reprovado, no dia 5 de Novembro, a empresa anunciou que iria apresentar um plano de insolvência com reestruturação. No entanto, a proposta não foi aceite pelo tribunal, pelo que a TIN foi declarada insolvente, tendo sido nomeado um administrador de insolvência e convocada assembleia de credores para o dia 29 de Janeiro de 2025.
“Medidas mais musculadas”
A Comissão de Trabalhadores (CT) da TIN também foi ouvida na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto do passado dia 18 de Dezembro.
Rui da Rocha Ferreira, membro da CT e jornalista da revista Exame Informática, considera que a situação da TIN teria “exigido medidas mais musculadas” e mencionou que houve duas propostas de compra de publicações que não foram aceites.
Por seu turno, Carolina Almeida, também da CT, declarou que não pode afirmar “se houve má gestão” da empresa, mas considera que houve "inacção" por parte da administração.
Sindicato ouvido em Belém e pelo Governo
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) foi recebido, no passado dia 14 de Dezembro, por Marcelo Rebelo de Sousa, numa audiência pedida pelo próprio SJ para sensibilizar o chefe do Estado para a situação por que passam os trabalhadores da TIN.
Tendo demonstrado que “segue com atenção os desenvolvimentos no Grupo”, o Presidente da República “considera urgente que haja uma solução que mantenha as publicações vivas” e compromete-se a “usar a sua influência junto do Governo para que possam ser encontrados caminhos que permitam a sobrevivência do jornalismo que é produzido neste grupo empresarial”, resume o SJ.
Dois dias antes, a 12 de Dezembro, o SJ tinha sido, também, recebido pelo Governo, no âmbito do mesmo caso, tendo-se reunido com o secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim.
Nessa reunião, o "Governo comprometeu-se a fazer tudo o que for possível, dentro dos limites da lei, para salvaguardar os direitos dos trabalhadores e a continuidade dos títulos", informou o SJ em comunicado.
Entretanto, com salários e subsídios em atraso desde Outubro, os trabalhadores da TIN lançaram uma campanha para recolha de contribuições, a fim de mitigar as dificuldades que muitos colaboradores atravessam nesta altura, tendo sido criada uma conta bancária para o efeito.
No passado dia 4 de Dezembro, os trabalhadores da TIN manifestaram-se no Largo Luís de Camões, em Lisboa, para defender a preservação das publicações.
(Créditos da imagem: captura de ecrã da audição transmitida na ARTV)