Concentração condiciona futuro da indústria jornalística dos EUA

O autor, cita o alerta do analista do sector Ken Doctor, para “o ponto de viragem no primeiro semestre de 2020". “Depois de uma grande recessão, muitas demissões, reajustes, cortes, compras e fusões, grande parte dos órgãos de informação, continua numa situação financeira desequilibrada”.
Após o tsunami digital, torna-se difícil prever o futuro dos media. No entanto, “os Estados Unidos têm sido a frente que marcou o futuro, é onde tudo tem acontecido ou acontece antes dos outros mercados. Várias frentes, indicam que os media e o entretenimento, vão viver grandes mudanças e profundas transformações no próximo ano”.
Actualmente, existem basicamente cinco grandes empresas jornalísticas americanas: Gannet, GateHouse, McClatchy, Tribune e o conglomerado Alden Global Capital. A Gannet sozinha era proprietária de 93 jornais diários. A Alden já tem 32% da Tribune, e no próximo ano pode adquirir a totalidade da companhia.
Com as operações já montadas ou em andamento, o mercado poderá ficar reduzido, em poucos meses, a apenas duas empresas de media. Os Grupos financeiros dominam, as grandes editoras tradicionais estão a ser encurraladas, o que segundo Ormaetxea, “vai mudar muito a qualidade e a orientação da informação, no país que fez da liberdade de imprensa uma bandeira para defender a sua democracia”.
As más notícias, surgem a uma velocidade estonteante, vão desde as demissões em massa na Gannet, até ao encerramento massivo de publicações. O autor, cita o exemplo da TEN Publishing, que, anunciou o fecho, até o final do ano, de 19 das suas 22 revistas, deixando ficar apenas o Motor Trend, Hot Rod e Four Wheeler como as únicas representantes à venda nas bancas.
“A maior parte do consumo de informação ocorre em telemóveis, três em cada quatro visitantes privilegiam os conteúdos digitais, mas as receitas publicitárias digitais não seguem no mesmo sentido, com a mesma dinâmica”, afirma.
Segundo Ormaetxea, não é apenas um problema que se verifica nos órgãos de informação impressos, “a revolução abrange quase todos os pontos de informação e entretenimento”, e, cita um exemplo no audiovisual - “de acordo com as estimativas da Magna Global, a receita líquida de TV tradicional, deve cair 4% em todo o mundo, com incidência particular na América do Norte, que tem um peso 36% do mercado global”.
“O digital, ganha força. A receita de publicidade digital, deve crescer 15% globalmente no próximo ano, de acordo com a Magna”. No entanto, “embora o crescimento da publicidade digital esteja claramente a diminuir, hoje equivale a 306 mil milhões de euros”, saliente-se o facto de “pela primeira vez, representar mais de metade da receita global de publicidade em todo mundo”.