Os vídeos de animação e grafismo digital parecem ter efeitos benéficos na apreensão da informação noticiosa por parte do público.

Quem o diz é Mike Beaudet, repórter de investigação e professor na Faculdade de Jornalismo da Northeastern University, em Massachussets (EUA), que tem dedicado os últimos anos ao estudo do impacto da animação na percepção do público sobre os conteúdos noticiosos.

O jornalista e académico falou com a equipa do Reynolds Journalism Institute sobre os resultados das suas pesquisas e deixou algumas pistas práticas para os profissionais a trabalhar em redacções.

Como usar a animação nas peças informativas

Numa primeira fase, a investigação de Mike Beaudet passou por reeditar peças de televisão, acrescentando-lhes elementos como imagens de arquivo, imagens históricas, entrevistas e animação.

Quando os investigadores compararam a forma como as pessoas percepcionam a versão original das peças e a versão alterada, concluíram que a esta segunda estimulava reacções mais positivas.

“A grande questão era: como podíamos integrar isto no fluxo de trabalho?”

A inclusão de um profissional com competências de animação para trabalhar o conteúdo editorial foi recebida com alguma resistência ao início.

No entanto, à medida que as redacções começaram a querer integrar mais elementos de animação nas suas peças, foi preciso perceber quais os trabalhos em que era mais proveitoso usar esses recursos — uma vez que a animação leva mais tempo a ser produzida.

“É melhor para assuntos de investigação a longo prazo” e para “tópicos que serão utilizados de forma repetida”, explica Mike Beaudet.

Além disso, a animação é benéfica para simplificar os assuntos mais complicados.

Os efeitos no público

Embora seja difícil medir com exatidão o impacto da animação na forma como as pessoas processam a informação, os estudos sugerem que as “pessoas se lembram melhor dos factos quando vêem a versão das notícias com animação”.

Para Mike Beaudet, os resultados demonstram que este formato “ajuda efectivamente as pessoas a compreender melhor os conteúdos noticiosos”.

Olhando para o futuro…

“Penso que a inteligência artificial (IA) vai ter um papel muito grande na forma como vamos produzir os conteúdos”, começa por dizer Mike Beaudet, acrescentando que acredita que estas tecnologias tornarão a tarefa mais fácil.

Para as redacções que queiram experimentar fazer vídeos de animação mas não tenham profissionais na equipa com competências específicas, foram criados modelos que os jornalistas podem descarregar e usar para fazer as suas próprias animações.

Mike Beaudet deixou, ainda, a sugestão de quatro programas de criação de animações que não requerem conhecimentos avançados: Canva’s Magic Animate, Apple’s Motion, Pencil2D e Blender (este último, mais complexo).

Num outro artigo recente, o Reynolds Journalism Institute publicou um tutorial sobre ferramentas disponíveis online que também permitem criar animações e explicadores para conteúdos noticiosos.

(Créditos da imagem: captura de ecrã do Videoscribe, retirado do site RJI)