Enquanto alguns títulos ainda estão a adaptar-se ao “datacentrismo” do jornalismo moderno, outros encontram-se na vanguarda da tecnologia e começaram a introduzir “robots” que auxiliam os jornalistas na produção de notícias.


O “New York Times”, por exemplo, implementou, em 2015, de forma experimental, mecanismos de automatização.


O objectivo do projecto consistia em simplificar o processo jornalístico: ao escrever um artigo, um jornalista passava a usar “tags” para destacar frases, títulos ou pontos principais do texto. 


Com o passar do tempo, o uso da automatização tornou-se mais elaborado, com a linguagem computorizada a passar a reconhecer essas “tags” semânticas e a aprender a destacar, “autonomamente”, as partes mais importantes de um artigo. 


Ao pesquisar dados em tempo real e ao extrair informações com base nas categorias solicitadas, como eventos, pessoas, locais e datas, os mecanismos de automatização usados pelo “New York Times” puderam tornar as informações mais acessíveis, simplificando o processo de pesquisa e fornecendo uma verificação mais  precisa dos factos. 


Adicionalmente, este jornal passou a privilegiar o uso da automatização para gestão e regulação da sua interacção com os participantes, nomeadamente em caixas de comentário. 

Apesar das oportunidades, o Obercom considera importante que, antes de implementar novos mecanismo de automatização, as redacções devem testá-los em conteúdos mais simples.


Da mesma forma, estas configurações algorítmicas não poderão descuidar a transparência.


Em conclusão a implementação de sistemas de inteligência artificial caracterizar-se-á, sobretudo, por um número de vantagens superior ao número de desafios colocados às empresas. 


Um sinal de que assim será é a ideia de que as empresas serão capazes de integrar estas tecnologias computacionais e que estarºao melhor preparadas para enfrentar o futuro. 


Contudo, o deate sobre os desafios levantados, por esta nova transformação tecnológica, ao mundo do jornalismo, terá que debruçar-se, não apenas, sobre os seus efeitos na prática jornalística e na sustentabilidade da própria profissão, mas, ainda, ao nível das novas implicações na esfera da deontologia e da ética profissionais. 


É por isso indispensável a adopção de recomendações que actuem como sistemas de prevenção, segundo o princípio de que a tecnologia muda, mas a função social e democrática do jornalismo deve prevalecer.