Califórnia fecha acordo com Google para apoiar jornalismo
O estado norte-americano da Califórnia é o primeiro a chegar a acordo com uma gigante tecnológica para a criação de fundos de apoio ao jornalismo local, noticia o The Guardian.
No total serão distribuídos 250 milhões de dólares (cerca de 225 milhões de euros) ao longo de cinco anos, a começar em 2025, através de dois projectos: o News Transformation Fund (Fundo de Transformação das Notícias, numa tradução livre) e o National AI Innovation Accelerator (Acelerador Nacional de Inovação em Inteligência Artificial, também numa tradução livre).
O News Transformation Fund destina-se a financiar as publicações jornalísticas da Califórnia e o valor atribuído será definido em função do número de jornalistas com contrato a tempo inteiro em cada redacção. O gestão do fundo estará nas mãos da Faculdade de Jornalismo da Universidade da Califórnia (UC Berkeley), em parceria com outras entidades do sector.
Já o segundo projecto, National AI Innovation Accelerator, tem como objectivo apostar na investigação e no desenvolvimento de soluções tecnológicas para a actividade jornalística, bem como garantir que o Estado continua a beneficiar de projectos como o Showcase e a Google News Initiative.
“Este acordo representa um marco importante com vista a garantir a sobrevivência das redacções e a reforçar o jornalismo local em toda a Califórnia, alavancando recursos substanciais do sector da tecnologia sem impor novos impostos aos cidadãos da Califórnia”, disse o governador Gavin Newsom.
Braço-de-ferro entre legisladores e tecnológicas
O acordo, assinado no passado dia 21 de Agosto, representa o fim de uma luta entre o Estado da Califórnia e as gigantes tecnológicas.
Em Abril deste ano, tinha sido aprovado, em assembleia, um projecto de lei que obrigava as grandes plataformas, como a Google, a Meta e a Microsoft, a pagar uma taxa por usarem links de notícias publicadas por órgãos de comunicação naquele estado norte-americano. A legislação ainda precisava de ser votada no Senado para entrar em vigor.
Por essa altura, como forma de pressão, a Google chegou a eliminar os links de notícias dos resultados das pesquisas feitas por alguns utilizadores.
Um acordo controverso
Várias organizações de media e jornalistas não aplaudem o acordo e preferiam que a legislação prevista tivesse avançado.
Os críticos alegam que esta foi uma saída fácil para a Google e para as outras plataformas, que deixam, assim, de ser forçadas a contribuir em continuidade, pelo que se perde a oportunidade de garantir um financiamento mais significativo a longo prazo, refere a Associated Press.
Ainda assim, esta poderá vir a ser uma solução de referência para outros estados dos EUA.
(Créditos da fotografia: Photo Mix no Pixabay)