Com o outono a paisagem mediática ficou mais sombria e o associativismo do sector ressentiu-se naturalmente das incertezas agravadas que condicionam o presente e comprometem o futuro.

Há insolvências confirmadas e a crise anunciada instalou-se, até, onde seria menos esperada.

No meio desta depressão alargada, que afecta mesmo estruturas empresariais que se tinham por sólidas, a boa notícia chega-nos da imprensa regional, que - não isenta de dificuldades e de portas a fecharem-se -, tem sabido resistir e revelar uma vitalidade que contrasta com o afundamento da chamada imprensa generalista.

Dois exemplos recentes são as comemorações vividas por dois jornais bem conhecidos e importantes nas suas regiões: a “Gazeta das Caldas”, a festejar o centenário, e o “Região de Leiria”, orgulhoso por ter completado 90 anos de publicação.

De facto, são dois feitos que nos apraz assinalar, comprovando que a imprensa de proximidade é um nicho de mercado com lugar próprio, e que a sua sobrevivência, activa e inovadora, representa um conforto para as populações a quem se destina e de cujas aspirações é porta-voz.

O império da internet, das redes sociais e das plataformas tecnológicas mergulha-nos, a toda a hora, nos conflitos do mundo, esquecendo ou subalternizando o que se passa na nossa aldeia ou bairro. Ou à nossa porta.

Esse é o segredo da imprensa regional ou comunitária: dar voz a quem a perdeu no meio do ruído global.

E é essa, também, a nossa razão de ser: estar onde outros desistem. Em nome do jornalismo que não pode vacilar.

A Direcção