Tendências de “media”
Fundada em Fevereiro de 2007 por Tyler Brulé, a revista "Monocle" apostou desde o início na sua circulação em papel. Aos poucos foi desenvolvendo também uma presença digital, embora a edição impressa da "Monocle" e os seus produtos derivados continuem a ser o eixo estratégico de desenvolvimento.
Recentemente, em Paris, promoveu a “Monocle Media Summit”. Um dos oradores foi Louis Dreyfus, o CEO do jornal “Le Monde”, publicação que está a completar 80 anos. O seu CEO tem objectivos claros: atingir um milhão de assinantes em papel e online em 2025, aumentar o número global de leitores e lançar uma revista em inglês, que sairá duas vezes por ano, na linha do já existente “Le Monde Magazine”.
O ponto de partida para qualquer projecto do Grupo, mesmo neste tempo em que a inteligência artificial (IA) alarga a sua presença e as redes sociais continuam a ganhar terreno, é uma estratégia editorial clara e, sublinha Dreyfus, garantindo que todas as inovações devem começar na sala de redacção.
Outro dos oradores foi Christoph Amend, um dos responsáveis de inovação no semanário alemão “Die Zeit”. Recentemente criou um novo magazine sobre arte, ”Weltkunst”, e introduziu na área de podcasts do Grupo uma novidade: fez uma entrevista em inglês ao músico britânico Bryan Ferry para o seu podcast “Alles gesagt?” (“Está tudo dito?”) e, em conjunto com a sua equipa de IA, conseguiu converter a conversa para alemão, utilizando as vozes originais do músico e do entrevistador, e publicou ambas, a original em inglês e a “fabricada” em alemão.
Amend afirma que a maior surpresa foi a quantidade de pessoas que escreveram para agradecer. Outra participante foi Christine Ockrent, ex-directora da revista francesa “L’Express”, jornalista e autora de mais de uma dúzia de livros e hoje em dia responsável por programas de informação e entrevistas numa estação de televisão.
Para Ockrent as marcas de informação são muito importantes, não só para os leitores e espectadores, mas também para quando se está no terreno a recolher informação.
Quer em papel, televisão ou online uma marca de informação de referência é uma garantia de qualidade, algo em que se pode confiar. E, sublinhou: “Isto não se aplica só aos meios massificados, os segmentos de nicho podem da mesma forma ser um referencial de qualidade e tradição”. E ajudam a fazer crescer as marcas que os acarinham.
(Texto publicado originalmente no Jornal de Negócios)