Jornalista multifacetada, Antónia de Sousa, morreu em Cascais aos 84 anos.

Nascida a 22 de Julho de 1940 em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, Antónia de Sousa foi presidente da Casa da Imprensa e desempenhou funções como jornalista em várias publicações, designadamente, no Diário de Notícias e nos vespertinos Diário de Lisboa e Diário Popular.

Recorde-se que Antónia de Sousa foi uma das primeiras mulheres a ingressar numa redacção, à época totalmente masculina, e fê-lo, primeiro, no Diário de Lisboa, na segunda metade da década de 1960.

Enquanto jornalista, a modalidade mais assumida por Antónia de Sousa era a entrevista, um dos géneros jornalísticos que mais seguiu, e a qual considerava um "acto de sedução sem rede, porque se a gente quer que o outro se dê também tem que se dar... Acho que num mundo onde há tanta coisa feia, mostrar o que o outro fez, o seu potencial, é uma dádiva. Para nós, para os outros e para a pessoa que está a ser entrevistada".

Isto mesmo disse numa entrevista concedida à Antena 1 no ano 2000, na qual, ainda a propósito de ter sido uma das primeiras mulheres a trabalhar como jornalista, afirmou que "nunca fui dos feminismos, como associações nem nada. Tinha uma postura que muita gente considerava feminista, mas não era nesse sentido. Era sobretudo porque considerei que a mulher é uma pessoa e é como pessoa que deve ser tratada e é como pessoa que tem de actuar no mundo, com as suas capacidades, exercendo-as".

No Diário de Notícias, Antónia de Sousa foi jornalista de grande reportagem, destacando-se, designadamente, pelos artigos sobre património cultural histórico e pelas suas entrevistas.

Foi também autora do livro "Diálogos com Agostinho da Silva. O Império Acabou. E agora?", resultado de um conjunto de conversas que gravou nos anos de 1986 e 1987 com aquele pensador e publicado pela Editorial de Notícias.

(Créditos da imagem: Diário de Notícias)