Juiz suspende demissões na “Voz da América”…

Nos Estados Unidos, um juiz federal decidiu suspender de forma temporária as demissões de mais de 500 funcionários da rádio pública Voz da América (VOA), noticia o Le Monde. A medida foi ordenada em resposta a uma acção judicial apresentada por três jornalistas da emissora, que contestaram a legalidade da decisão tomada pela administração de Donald Trump.
O juiz Royce Lamberth, responsável pela decisão, considerou que a administração não cumpriu as obrigações legais da Agência dos Estados Unidos para os Meios Globais (USAGM), entidade governamental que supervisiona a VOA e outros meios públicos. O magistrado afirmou ainda que o governo “procurou ganhar tempo” e, por isso, determinou que as demissões fossem suspensas até que seja tomada uma decisão definitiva.
Os jornalistas que recorreram à justiça (Patsy Widakuswara, Jessica Jerreat e Kate Neeper) manifestaram a sua satisfação com a decisão, defendendo que a eliminação total das emissões e a saída de colaboradores contrariam a intenção do Congresso, que é a de garantir um serviço público de informação fiável e independente.
A VOA, criada durante a Segunda Guerra Mundial com o propósito de difundir a “voz da América” em países autoritários, fazia parte de uma rede de rádios financiadas pelo governo dos Estados Unidos, entre as quais se incluem também a Radio Free Europe e a Radio Free Asia. No entanto, a actual administração de Donald Trump tem acusado a emissora de ter uma tendência esquerdista e de transmitir mensagens consideradas antiamericanas.
Apesar de uma ordem judicial emitida em Abril ter exigido o restabelecimento da cobertura da VOA, Kari Lake, antiga apresentadora de televisão e apoiante de Trump, que actualmente dirige a USAGM, colocou em licença administrativa a maioria dos funcionários contratados, que representavam a base dos serviços não anglófonos da rádio. Posteriormente, em Agosto, avançou com o despedimento de 532 jornalistas a tempo inteiro.
Antes destas medidas, a VOA transmitia em 49 idiomas, mas agora limita-se a produzir conteúdos apenas em quatro — mandarim, dari, pashto e farsi — e durante cerca de uma hora por dia.
Em Março, Donald Trump assinou um decreto que classificou a USAGM como um “elemento inútil da burocracia federal”, abrindo caminho para cortes profundos e uma restruturação do organismo, que em 2023 contava com mais de três mil funcionários.
(Créditos da imagem: Pexels)