Corte no financiamento federal agrava situação da PBS norte-americana

A emissora pública norte-americana PBS (Public Broadcasting Service) anunciou o corte de cerca de 15% dos seus postos de trabalho, na sequência da decisão do Congresso dos Estados Unidos de eliminar todo o financiamento federal para os meios de comunicação públicos a partir de 1 de Outubro de 2025.
Recentemente, 34 trabalhadores da PBS foram notificados do fim dos seus contratos, como parte de uma vaga mais ampla de cortes. Somando-se à eliminação de cerca de três dezenas de cargos já vagos e à perda de um subsídio federal de longa data para um projecto educacional, a PBS estima ter perdido mais de 100 postos de trabalho no total.
A directora executiva da PBS, Paula Kerger, revelou que a organização está a sofrer uma quebra de 21% nas receitas, o que obriga a medidas drásticas de contenção orçamental. “Nas últimas semanas, temos trabalhado para encontrar a melhor forma de gerir o impacto da perda do financiamento federal”, escreveu Kerger num memorando aos responsáveis das estações. “Tal como todas as organizações de comunicação social pública do país, estamos a ser forçados a fazer escolhas difíceis”.
Estes cortes decorrem da revogação, pelo Congresso, de um financiamento público de 1,1 mil milhões de dólares, previsto para dois anos, para apoiar os meios públicos. A situação foi ainda agravada pela decisão da Administração Trump de cancelar um subsídio significativo do Departamento de Educação dos EUA destinado à PBS.
Apesar dos esforços da Fundação da PBS, que conseguiu angariar uma subvenção importante de um grande doador para apoiar programas como o PBS NewsHour e o PBS Kids, Kerger sublinhou que tal não foi suficiente para compensar as perdas. “Reconhecemos que precisamos de fazer mudanças significativas no nosso pessoal e nas nossas operações”, salientou Kerger.
Segundo a directora executiva da PBS, todas as áreas da emissora serão impactadas pelos cortes, embora outras medidas tenham sido tomadas previamente, como redução de viagens e congelamento de aumentos salariais por mérito.
A PBS, que não possui nenhuma estação própria, funciona como uma entidade que distribui conteúdos às estações locais afiliadas, que, por sua vez, dependem parcialmente da Corporação para a Radiodifusão Pública (CPB) para financiamento.
Em média, a CPB representava 15% dos orçamentos anuais das estações afiliadas da PBS. A mesma entidade também financiava a NPR (National Public Radio), embora em menor escala.
Além da PBS, outras estações públicas já tinham iniciado processos de despedimentos, como a KQED (São Francisco) e a GBH (Boston). A CEO da NPR, Katherine Maher, afirmou que a rede de rádio pública reduzirá o seu orçamento em 8 milhões de dólares, de forma a ajudar financeiramente as estações mais afectadas. No entanto, admite que este valor não cobre o impacto total da retirada de fundos federais.
Maher alertou ainda, em declarações no Late Show da CBS, que entre 70 e 80 das 246 estações afiliadas da NPR poderão ter de encerrar. A NPR recebe apenas 1 a 2% dos seus fundos directamente da CPB, mas muitas das estações locais — especialmente as que servem comunidades rurais ou populações indígenas — dependem fortemente do financiamento federal.
A Corporação para a Radiodifusão Pública (CPB), uma organização sem fins lucrativos que canalizava fundos federais para as estações de rádio e televisão públicas, anunciou que encerrará as suas portas no final deste mês.
(Créditos da imagem: PBS)