Vivendi vende “Gala” para manter “Paris Match”

Trinta anos após a sua criação, a revista francesa Gala prepara-se para deixar o grupo de imprensa francês, Vivendi. A empresa proprietária, anunciou às suas equipas que vai vender a revista para cumprir as regras europeias da concorrência, segundo consta num documento interno, que confirma, também, a informação anunciada no site l'Informé.
“A Vivendi vê-se obrigada a propor a venda da Gala”, que a Comissão Europeia "considera uma concorrente directa da Paris Match" no mercado da imprensa popular, indicou Claire Léost, presidente da Prisma Media, propriedade da Vivendi, numa mensagem dirigida aos colaboradores do grupo.
Em declarações à Agência France Press, Emmanuel Vire, representante eleito do sindicato SNJ CGT, da Prisma Media, diz que "as equipas estão atordoadas, isto é uma grande confusão, na nossa opinião".
A equipa da Gala, conta com 130 colaboradores, onde existem cerca de 60 jornalistas, que são liderados por Matthias Gurtler e está regularmente em competição directa com a Paris Match, pela escolha das suas capas com celebridades.
Centrado nas notícias de estrelas francesas e internacionais, a revista Gala carrega o peso das reviravoltas da oferta de aquisição da Vivendi sobre o Grupo Lagardère.
Há já vários meses que a Comissão Europeia se preocupa com os riscos de concentração provocados pela operação que acabará por conduzir à venda da Editis, prometida ao milionário checo Daniel Kretinsky, para manter a concorrente Hachette.
O chamado sector da imprensa popular também apoquenta a as autoridades europeias, porque a combinação de Paris Match, Here e Gala pode dar origem a "um líder poderoso", uma abordagem que a Vivendi e a Lagardère contestam.
“A Paris Match nunca foi um título de imprensa de celebridades, é uma revista de fotos de notícias. Este é um ponto sobre o qual lutaremos”, insistiu Arnaud Lagardère, recentemente, em declarações ao Le Figaro.
Por seu lado, Claire Léost, presidente da Prisma Media, lamenta e diz que “apesar de todos os nossos esforços, não conseguimos convencer a Comissão Europeia”, pelo que, o processo de venda da Gala “começará assim que a Comissão Europeia tiver aprovado a aquisição da Lagardère pela Vivendi”, acrescentando que “a venda deverá ser finalizada até ao final do ano”.
De momento, não há, ainda, informações sobre o possível comprador da revista. No entanto, Claire Léost afirma: “faremos questão de escolher um actor de media que tenha um projecto ambicioso para a Gala e que permita que a revista continue o seu desenvolvimento”, garantiu.
A Vivendi, Grupo controlado pelo milionário Vincent Bolloré aumentou, em 2022, para 57%, a participação no capital da Lagardère, mas a finalização desta aquisição ainda está sujeita ao sinal verde da Comissão Europeia, que deverá proferir sua decisão em breve.
Se a aquisição da Lagardère for validada, a Paris Match vai juntar-se a outros vinte títulos (Current Woman, Capital, Geo, Télé Loisirs, Harper's Bazaar, entre outros) que integram o elenco da revistas mais vendidas em França.