Semanário “Gazeta das Caldas” completa um século
O Semanário Gazeta das Caldas celebrou o seu centenário com uma edição especial dedicada a um século de história de um dos mais antigos jornais regionais portugueses.
Com a sua primeira edição a ser lançada no dia 1 de Outubro de 1925, aquele título nasceu como “jornal regionalista” e, desde o início, afirmou a sua independência partidária e o compromisso de servir os interesses da região das Caldas da Rainha e do Oeste. Ao longo de um século, publicou 5611 edições e teve, nos seus melhores anos, uma tiragem de 13 mil exemplares, sendo actualmente distribuído semanalmente com cerca de cinco mil exemplares e três mil assinantes.
O director, José Luíz Almeida e Silva, destacou à Lusa que a Gazeta das Caldas é hoje “um documento histórico”, testemunho das transformações políticas, sociais e culturais da região e do país. Entre 1936 e 1946, o semanário adoptou um perfil mais nacional, mas uma crise em 1946 levou à suspensão das edições durante dois anos. Reapareceu em 1948, recuperando gradualmente a sua vocação regionalista. Com a Revolução de 1974, iniciou uma nova etapa sob a gestão da Cooperativa Editorial Caldense, que se mantém até hoje.
Durante décadas, o jornal foi feito por colaboradores voluntários, sem jornalistas remunerados, até ao final dos anos 80. José Luíz, que nos últimos 50 anos dirigiu o semanário, promoveu debates e deu voz a causas locais, como a oposição à construção de uma central nuclear, e apostou na modernização tecnológica. A Gazeta investiu na digitalização, na criação de novos formatos, como podcasts, e na dinamização de iniciativas culturais, procurando manter-se relevante num contexto de crise da imprensa regional.
Apesar dessas inovações, o director reconhece que o jornal enfrenta as mesmas dificuldades que afectam a imprensa a nível global, defendendo que “as formas de subsistência têm de ser repensadas”. Aos 74 anos, José Luíz Almeida e Silva despede-se da direcção, cumprindo a promessa de permanecer até ao centenário: “Tinha prometido que só queria fazer os 100 anos da Gazeta e depois sairia, porque não quero correr o risco de me tornar um peso para a organização.”
A edição comemorativa do centenário tem 80 páginas e conta com a direcção convidada do juiz Carlos Querido, uma capa ilustrada por Cristina Sampaio e o grafismo do designer editorial Jorge Silva. O jornal conta, actualmente, com oito trabalhadores, quatro deles jornalistas.
(Créditos da imagem: Gazeta das Caldas)