O “Reuters Institute for the Study of Journalism” revelou um aumento no número de pessoas que procuram notícias em plataformas de redes sociais em comparação com os sites de notícias tradicionais. Embora isso possa parecer desafiador para o sector jornalístico, a autora, Sumi Aggarwal, directora de estratégia do The Intercept, vê uma oportunidade de inovação para a reportagem de investigação.

“Para mim, a reportagem de investigação serve os mais elevados ideais do jornalismo. Apela à minha convicção de que, se lançarmos luz sobre uma injustiça, podemos fazer a diferença. Acredito que os leitores e os telespectadores querem saber a verdade e, armados com ela, vão exigir que as coisas mudem”, escreve num artigo publicado no NiemanLab.

No entanto, no actual cenário informativo saturado, é crucial adaptar as estratégias para garantir que o público encontre e se envolva com o trabalho jornalístico. 

Reconhecendo que artigos extensos podem ter um alcance limitado, especialmente entre públicos móveis e jovens, a autora argumenta que é necessário pensar além dos leitores tradicionais de sites de notícia: “Isso significa que temos de os alcançar onde eles estão e de formas que lhes agradem”.

“Temos de aceitar que um artigo de dez mil palavras bem escrito só chegará a certos tipos de público – aqueles que estão mais dispostos a sentar-se à secretária e a dedicar o tempo necessário para o ler. Essas histórias não se destinam a consumidores de notícias móveis ou jovens. As audiências para esses artigos de prestígio tendem inerentemente a ser mais velhas, mais ricas e, sejamos francos, leitores tradicionais brancos e norte-americanos”, analisa.

“Mas se quisermos chegar às comunidades afectadas – como muitos meios de comunicação dizem querer – temos de pensar além do leitor tradicional do site”, sugere.

“De facto, temos de aceitar que os nossos "leitores" podem não ser leitores de todo. Temos de inovar e encontrar formas de apresentar reportagens de investigação e descobertas de modo que sejam significativas para o nosso público e ajudem a criar novas relações com os consumidores de notícias e as redacções”, explica.

Isto não significa simplesmente encontrar um jovem funcionário para "traduzir" histórias de investigação para o TikTok. 

A inovação, segundo Aggarwal, vai além de simplesmente adaptar histórias para novas plataformas. Envolve explorar canais de distribuição não convencionais, como rádio, WhatsApp, outdoors, anúncios em autocarros e parcerias com influencers

A autora incentiva a experimentação, medição de eficácia e desenvolvimento de novos métodos para atingir diferentes públicos, destacando que as possibilidades são vastas para aqueles dispostos a aceitar o desafio de repensar a apresentação da reportagem de investigação e construir novas relações com os consumidores de notícias.

“À medida que experimentamos e medimos a eficácia, desenvolvemos novos manuais e, mais importante, novos públicos”, conclui.