Cinco anos depois de os Repórteres sem Fronteiras (RSF) terem lançado a Journalism Trust Initiative (JTI), a norma internacional para o jornalismo transparente atingiu um marco importante: mais de 2 000 meios de comunicação social em 119 países registaram-se para iniciar o processo de certificação.

Os RSF consideram que a iniciativa “está a tornar-se rapidamente numa ferramenta essencial para reforçar a confiança entre os meios de comunicação social e o seu público”, numa época de aumento da propagação da desinformação e da aceleração da inteligência artificial não regulamentada. 

O director-geral dos RSF, Thibaut Bruttin, acredita que a JTI se tornou num “denominador comum para o jornalismo em todo o mundo” e deixa um apelo aos meios de comunicação social: “Avaliem os vossos processos editoriais, utilizando as directrizes da norma, e comprometam-se a obter a certificação. Aos anunciantes e às plataformas tecnológicas, integrem a JTI nos vossos produtos e serviços. Já é mais do que tempo de restabelecer um ciclo virtuoso que favoreça um jornalismo de qualidade baseado em factos, salvaguardas para o debate público de uma democracia”. 

Os meios de comunicação recentemente certificados pela Journalism Trust Initiative mostram a “diversidade da iniciativa”, incluindo medias públicos como Radio Taiwan International e Latvijas Televīzija (Letónia), canais privados como TF1 (França) e Radio NV (Ucrânia), e veículos especializados como Afrikelles (direitos das mulheres em África), Nature News (ambiente e clima na Nigéria) e Ecuador Chequea (verificação de factos no Equador). Eles juntam-se a outros meios de comunicação social como RTE News (Irlanda), CBC / Radio-Canada (Canadá) e GMX News (Alemanha), que aderiram ao padrão JTI desde 2022. 

A certificação JTI, lançada pela organização Repórteres Sem Fronteiras em 2019, consiste em três etapas: “Em primeiro lugar, o meio de comunicação avalia-se com base em 130 critérios através da JTI-app, uma plataforma online que avalia a transparência do processo de produção de notícias e as condições que garantem a sua fiabilidade. De seguida, o meio de comunicação publica um relatório de transparência, disponibilizando ao público as suas respostas e o nível de cumprimento de cada critério. Por fim, o meio de comunicação pode obter a certificação se for submetido a uma auditoria efectuada por um terceiro de confiança”. 

Até à data, 2 000 meios de comunicação social de 119 países iniciaram a fase de autoavaliação da certificação, um terço dos quais na Europa e um terço em África. 600 meios publicaram os seus relatórios de transparência e 100 foram certificados por uma empresa de auditoria independente. 

“A iniciativa continua a crescer, reforçada por novas parcerias e organismos de certificação, expandindo a JTI a uma escala global. A norma foi também integrada em vários quadros regulamentares europeus, incluindo o European Media Freedom Act (EMFA). Além disso, a JTI foi integrada nos algoritmos de plataformas digitais como o motor de busca Bing da Microsoft, o quiosque digital Cafeyn, o agregador de conteúdos YEP da União Europeia de Radiodifusão e a aplicação de verificação de factos Ask Vera.

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