Presidente da “France Télévision” condena política de “rótulos” do “Twitter”
Após a retirada pelo Twitter, sob pressão dos media internacionais, a presidente da France Télévision, Delphine Ernotte, manifesta-se quanto à política "assustadora" da rede social sobre os meios de comunicação social.
Delphine Ernotte insurgiu-se, mais uma vez, contra os rótulos direccionados aos media pela rede social Twitter, desde sua aquisição pelo bilionário americano, Elon Musk, segundo um artigo publicado no Fígaro.
Durante várias semanas, o Twitter, de facto, aplicou às contas de grandes meios de comunicação menções polémicas como “media afiliada do Estado” e “media financiada pelo governo”, antes de removê-las recentemente, diante do movimento de protesto internacional. É “assustador” que o bilionário Elon Musk, dono da rede social Twitter, determine “se um media é independente, ou se não é”, diz.
Ernotte insurgiu-se numa entrevista ao jornal Les Échos, na qual disse que “ver um bilionário americano a tentar brincar com a nossa independência e definir o nosso espaço público é assustador”.
Agora, “o Twitter recuou, porque a mobilização colectiva dos media públicos, do Canadá à Austrália, valeu a pena”, comentou a directora executiva da France Télévisions. “Mas isso levanta a questão do controle do nosso espaço de informação. Não podemos deixar que actores americanos, amanhã chineses, sejam um jogo de aprendizes de feiticeiros com as nossas democracias”, afirma.
Recorde-se que, a rádio pública americana NPR deixou o Twitter, descontente com o rótulo de "media afiliada ao Governo", que a colocava no mesmo patamar de órgãos russos como o Russia Today (RT) ou a agência oficial chinesa Xinhua (New China).
A France Télévisions e os seus canais podem sair desta rede social? "É um dilema", respondeu Delphine Ernotte, na entrevista. “As possibilidades abertas pela inteligência artificial para gerar, em ritmo industrial, imagens e vídeos falsos são vertiginosas. Na balbúrdia que está por vir, os nossos media nacionais, regulamentados, são as bússolas”, argumentou.
Além disso, para a presidente da France Télévision, as redes sociais já não são a praça pública, onde as vozes de todos eram expostas uniformemente. “Amanhã, quem pagou verá o seu conteúdo destacado, e os demais ficarão perdidos nos algoritmos. A liberalização do debate público trazida pelas redes sociais, na altura da sua criação, acaba de se transformar numa lógica puramente comercial". E esta “batalha” de “visibilidade” será perdida “se a discriminação for feita apenas pelo dinheiro”, alerta Delphine Ernotte.