Os jornais estão a integrar, cada vez mais, vídeos na vertical nos seus sites, para se adaptarem ao crescente consumo de conteúdos noticiosos em redes sociais que vivem desse tipo de formato, como o Instagram e o TikTok, escreve o Nieman Lab.

Embora mais de dois terços da visualização de vídeos na vertical ainda aconteça nas plataformas digitais, segundo dados do Reuters Institute, as publicações noticiosas estão a perceber que a tendência poderá passar por trazer esses vídeos para o site.

Washington Post, um dos pioneiros

Segundo o Nieman Lab, o Washington Post (WP) publicou o seu primeiro vídeo na vertical no site em 2015, e foi um dos primeiros jornais a ter conta no TikTok, tendo publicado o primeiro vídeo nessa rede social em Maio de 2019.

Actualmente, os vídeos na vertical ocupam uma boa parte dos conteúdos produzidos todos os dias, diz Micah Gelman, director de vídeo no WP.

“A expectativa do público é que não seja preciso virar o telefone para conseguir ver um vídeo”, diz o responsável.

O WP tem um espaço para carrossel de vídeos na sua homepage e na aplicação móvel. Além disso, o jornal inclui estes vídeos em artigos e nos directos.

O jornal tem estado, também, a identificar jornalistas que estão familiarizados com o formato de vídeo vertical e a integrá-los no processo de produção desses conteúdos, sendo que há cada vez mais pessoas “a chegar já com conhecimento do que devem fazer”, refere Gelman.

Os vídeos do WP podem ser dedicados a conteúdos noticiosos ao estilo dos noticiários na televisão, mas também a directos ou a segmentos informativos sobre questões práticas da vida do dia-a-dia.

No New York Times, os vídeos ganharam centralidade

Tal como o WP, também o New York Times (NYT) já integrou os vídeos na vertical na sua rotina quotidiana, usando-os na homepage, em artigos ou nos blogues dos directos.

Hoje, quase todos os vídeos na horizontal acabam por ter também uma versão vertical ou quadrada para consumo no telemóvel.

Os vídeos na horizontal continuam a ser “muito importantes”, mas, “se uma pessoa estiver no telemóvel, [o vídeo vertical] é mais prático”, diz Solana Pyne, directora na secção de vídeo no NYT, explicando que “é uma experiência muito melhor se não for preciso virar o telefone”.

Se há uns anos, a equipa de vídeo participava pouco nas reuniões editoriais, “agora, o vídeo aparece frequentemente nas principais notícias do dia e discutimos as questões de vídeo durante a reunião”, descreve a responsável.

Os 100 milhões de visualizações no The Economist

A publicação britânica The Economist começou a fazer conteúdos para o TikTok em 2022 — e mais tarde reels para o Instagram.

No primeiro ano, estes vídeos nas redes sociais tiveram, no total, mais de 100 milhões de visualizações. “É de loucos que isto não esteja nas nossas plataformas”, disse Liv Moloney, responsável pela secção de vídeo naquela publicação.

Assim, em Maio deste ano, o The Economist lançou o uso de vídeos na vertical no seu website e na sua aplicação móvel, agrupando-os em formato carrossel, como nas redes sociais.

Os conteúdos ali publicados incluem entrevistas, excertos dos podcasts ou artigos com animação e com elementos visuais fortes.

“Com o carrossel, as pessoas ficam mais tempo [no site] do que ficariam com vídeos longos [na horizontal]. Acabam por ver três ou quatro vídeos de uma vez”, explica Moloney.

“A ideia é ter uma marca à ‘prova do futuro’”, diz a responsável.

(Créditos da imagem: captura de ecrã da homepage do Washington Post)