À medida que os jornais procuram formas de cativar a atenção dos leitores, os jogos surgem como “receita” que parece resultar.

Uma das maiores referências neste campo é o New York Times (NYT). As quase centenárias palavras cruzadas do jornal (criadas em 1942) tornaram-se tão icónicas, que chegam a aparecer em filmes e séries de televisão.

Actualmente, o NYT conta com vários jogos, incluindo o famoso “Wordle”, tendo lançado uma aplicação específica para os jogos em 2009 — a app somou 10 milhões de downloads em 2023.

A indústria dos media percebeu que esta é uma estratégia que leva as pessoas a passar mais tempo no sites de notícias, bem como a regressar com regularidade, explica o Axios.

O reconhecimento das vantagens desta abordagem tem sido notável. Nas últimas semanas, várias publicações anunciaram novidades relacionadas com jogos.

Por exemplo, o Vulture, site norte-americano de jornalismo de entretenimento, disponibilizou o arquivo do Cinematrix, o seu jogo diário sobre cinema. O BuzzFeed, por seu turno, lançou o redesign da sua plataforma de jogos, BuzzFeed Arcade. Já a Mashable anunciou uma parceria com a empresa criadora de jogos Arkadium.

“Os jogos servem como ponto de entrada e criam hábito”, refere o Axios, citando Neil Janowitz, editor-chefe do Vulture, que contratou recentemente uma pessoa para se dedicar ao Cinematrix.

Além de atraírem leitores, os jogos podem também levar algumas destas pessoas a converter-se em assinantes dos jornais.

Jonathan Knight, responsável pela área dos jogos no NYT, citado num artigo da International Journalists’ Network, diz que os perfis com taxas de retenção de subscrições mais elevadas são os das pessoas que “interagem semanalmente tanto com as notícias como com os jogos”.

No entanto, “o sucesso dos jogos não acontece por acaso”, diz Jonathan Knight. Estes têm de ser “parte de uma estratégia que procura oferecer uma diversidade de produtos apelativos a diferentes estilos de vida, hábitos e paixões das pessoas”.

“Compra-se tráfego [nos sites] com os jogos”, afirma Dmitri Williams, professor de Comunicação na USC Annenberg School for Communication and Journalism, na Califórnia, que faz investigação em tecnologia, jogos e sociedade.

“O jornalismo é uma combinação de dar às pessoas o que elas querem para que elas também leiam o que o editor acha que elas precisam de ler para estarem informadas. Sempre foi este o equilíbrio”, acrescenta o académico.

(Créditos da imagem: jogos do NYT)