Novo sistema de pesquisa da Google ameaça jornais e outros “sites”
A Google está a actualizar o seu popular serviço de pesquisas, no sentido de substituir, no topo dos resultados, os habituais links por respostas geradas por inteligência artificial (IA).
O nome do novo produto da Google é “Overviews” (“Visão geral”, numa tradução livre) e consiste na geração de textos com um resumo da resposta à pesquisa, com base nos conteúdos dos sites com mais informação sobre o assunto.
A alteração pode vir a ser tão prejudicial para a sobrevivência dos sites, que o Washington Post (WP) usa o termo “carnificina” na reportagem que publica sobre o tema.
A ferramenta tem sido testada por alguns milhões de pessoas, mas no passado dia 14 de Maio a Google tornou-a disponível para todos os utilizadores nos Estados Unidos, anunciou a empresa na sua conferência anual, Google I/O.
Esta inovação irá reduzir significativamente o número de cliques nos links que aparecem por baixo da “overview”, não só porque as pessoas poderão ficar com a sua dúvida esclarecida no texto inicial, mas também porque os links ficam menos visíveis, dado que surgem mais abaixo na página de resultados.
Esta mudança pode significar, para sites noticiosos e criadores de outros conteúdos, o colapso do tráfego nas suas páginas, refere o instituto Poynter.
A empresa de investigação tecnológica Gartner prevê que o tráfego gerado pelas pesquisas no Google diminua pelo menos 25% até 2026, cita o WP.
A perspectiva da Raptive, empresa prestadora de serviços de comunicação digital, é mais pessimista, estimando que alguns websites possam perder dois terços dos seus visitantes.
Além de o sistema ainda precisar de ser aperfeiçoado, a Google pode vir a enfrentar alguns problemas legais, relacionados com direitos de autor, uma vez que os textos disponibilizados nas “overviews” são gerados com base em conteúdos alheios, sendo, por vezes, apenas paráfrases da informação publicada noutros sites.
O instituto Poynter vê o momento como “uma pequena janela de oportunidade” para que as empresas de média negoceiem licenças para que os seus conteúdos possam ser usados pelos modelos de IA.
(Créditos da imagem: captura de ecrã do vídeo de apresentação do produto no site da Google)