A ex-presidente do Comité Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês), Ronna McDaniel, foi contratada pela NBC como comentadora, no entanto a estação de televisão desistiu do acordo ao fim de poucos dias, devido às fortes críticas, noticia a NPR.

“Depois de ouvir as preocupações legítimas de muitos de vós, decidi que Ronna McDaniel não irá contribuir para a NBC News”, disse o presidente do grupo NBCUniversal News, Cesar Conde, num email enviado à equipa, citado pela Reuters.

Ronna McDaniel foi presidente do RNC durante sete anos, tendo deixado o cargo no passado dia 8 de Março. Duas semanas depois, no dia 22 de Março, foi anunciada a sua contratação pela NBC, por 300 mil dólares anuais, para ser comentadora de política e, particularmente, das eleições presidenciais deste ano, explica a NPR.

A notícia suscitou duras críticas, especialmente dentro da própria estação de televisão, uma vez que, entre outras tomadas de decisão consideradas questionáveis, a representante do partido republicano apoiou Donald Trump nas alegações de fraude eleitoral em 2020.

“Não acho que [Biden] tenha vencido justamente, não acho”, disse McDaniel no Verão passado numa entrevista à CNN, citada pela NPR. Mais recentemente, no Meet the Press, um famoso programa de televisão de entrevistas, debate e análise da NBC News, McDaniel afirmou que Biden “é o presidente legítimo. Ganhou de forma justa e honesta”.

“Ela é agora um elemento remunerado da NBC News. Não faço ideia se alguma das respostas que ela deu foi porque não querer prejudicar o seu contrato”, comentou depois Chuck Todd, analista político sénior da NBC News, uma das vozes que se insurgiram contra a contratação, numa altura em que a demissão ainda não tinha acontecido.

Os jornalistas da NBC acusam McDaniel de falta de credbilidade, além de “estarem desconfortáveis” por terem no painel de comentadores uma pessoa do RNC, entidade que “ao longo dos últimos seis anos” respondeu às interacções dos profissionais com “manipulação psicológica [gaslighting, no original] e assassinatos de carácter”, disse também Chuck Todd.

A polémica surge numa altura em que tem sido questionada a passagem cada vez mais frequente de personalidades dos partidos políticos para lugares mediáticos. Segundo uma análise da Axios, desde 2000, mais de metade (16 em 31) dos “assessores de imprensa e directores de comunicação da Casa Branca tornaram-se contribuidores remunerados, comentadores ou anfitriões de programas noticiosos”.

“A Casa Branca serviu durante muito tempo como terreno fértil para os locutores dos noticiários televisivos, mas a mudança está a acontecer mais rapidamente e com menos consideração pelas formalidades”, aponta a Axios.

(Créditos da fotografia: Gage Skidmore from Surprise, AZ, United States of America, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons)