A Polícia Nacional Francesa informou que foi aberta uma investigação administrativa para esclarecer os factos sobre a violência cometida pela polícia contra vários jornalistas que cobriam a marcha proibida em memória de Adama Traoré, em Paris.

A violência, denunciada, sobretudo, por três jornalistas, Clément Lanot, Pierre Tremblay e Florian Poitout, ocorreu enquanto filmavam a detenção musculada de Youssouf Traoré, irmão mais novo de Adama, um jovem morto pela polícia francesa há sete anos. Youssouf foi acusado de ter "desferido um golpe" a um comissário da polícia francesa.

“Foi instaurado de imediato inquérito administrativo, para apurar as circunstâncias exactas dos factos”, informou a Polícia Nacional Francesa à Agência France-Presse.

Na altura dos acontecimentos, Florian Poitout, fotógrafo da agência noticiosa Abaca, disse no Twitter que iria à IGPN (Inspecção-Geral da Polícia francesa), para apresentar queixa contra dois agentes da polícia. Em nota à imprensa, o jornalista afirmou que foi "projectado para o chão e espancado por policias do Brav-M", uma unidade já implicada em vários casos de violência policial. Para além disso, Poitout diz que a sua camera ficou danificada depois de ter sido atirada ao chão por um polícia.

Num vídeo divulgado nas redes sociais, também é possível ver Pierre Tremblay, jornalista do HuffPost, a ser violentamente projectado para o chão, por um polícia da Brav-M, quando se aproximava para filmar a detenção de Youssouf Traoré.

"O cansaço da polícia não desculpa, de forma alguma, esta violência repetida contra os jornalistas", twittou o secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Christophe Deloire, que afirma estar preocupado com a violência contra os jornalistas estar a tornar-se "cada vez menos sem precedentes”.

Desde a morte, recente, do jovem Nahel M., em Nanterre, dezoito jornalistas ou técnicos dos media sofreram agressões físicas no decorrer do seu trabalho, não só por elementos da polícia, mas também por indivíduos anónimos, segundo os Repórteres Sem Fronteiras.

Recentemente, uma jovem jornalista da emissora local TV Tours-Val, em França, foi alvo de agressões, por ter tirado fotos a um veículo incendiado, em Tours. Para além disso, “partiram a camera com um paralelepípedo”, descreveu Emilie Tardif, vice-directora do canal de televisão, acrescentando que iria ser apresentada uma queixa.