O tribunal considerou que as notícias elaboradas pelos jornalistas não prejudicaram as investigações em curso, apesar de dar como provado que ambos sabiam que os processos, devido ao seu teor e às pessoas envolvidas, estariam em segredo de Justiça. No entanto, considerou que os jornalistas apenas cumpriram o seu dever de informar e não tiveram intenção de violar esse segredo de Justiça.

Foi valorizada a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão afirmando a juíza que “perante estes direitos conflituantes, cabe ao tribunal ver caso a caso e analisar se as notícias causaram prejuízo ou não à investigação”.

À saída do tribunal, Carlos Lima declarou que “foram precisos dois anos para se perceber que o trabalho dos jornalistas é um trabalho válido, essencial numa sociedade democrática” e acrescentou que “penso que é uma vitória do jornalismo para continuarmos a trabalhar todos, sempre tendo atenção e ponderação, mas também sem nos deixarmos intimidar por posições que o Ministério Público toma, como abrir-nos processos por violação de segredo de Justiça e desobediência”.

Por sua vez, Henrique Machado declarou, na mesma ocasião, que “processos de violação do segredo de Justiça, há muitos, temos de saber lidar com isso, faz parte da nossa vida, mas aqui o que é verdadeiramente insólito foi precisamente a forma abusiva com que o Ministério Público conduziu este inquérito, em clara violação do que é a liberdade de imprensa numa sociedade democrática”. E acrescentou “o tribunal valorizou muito a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão”.