O The Guardian aboliu os anúncios de apostas e jogos de azar em todas as suas plataformas.

A chefe executiva do Guardian Media Group (GMG), Anna Bateson, explicou no site do The Guardian que o motivo da decisão tem a ver com pesquisas realizadas, uma mudança nas atitudes do público e pelas próprias reportagens do Guardian.

“Os estudos destacam uma clara correlação entre a exposição à publicidade de jogos de azar e o aumento das intenções no envolvimento regular em jogos de azar... Em última análise, acreditamos que a nossa principal obrigação é fazer o correcto para os nossos leitores, e é por isso que decidimos que existem outras formas de gerar receita”, escreveu Bateson.

Segundo a CEO do Guardian, “a publicidade – especialmente online – pode prender os jogadores num “ciclo vicioso” que causa dificuldades financeiras, problemas de saúde mental e problemas sociais mais amplos”, referiu o próprio jornal, num artigo acerca desta decisão.

“A nossa cobertura desportiva é, agora, um lugar onde se pode ler” sobre “qualquer desporto no mundo, sem ser interrompido por anúncios de jogos de azar invasivos”, assinalou Bateson.

A publicidade a lotarias foi, no entanto, excluída da proibição pois, segundo um porta-voz do Guardian, as mesmas podem trazer benefícios sociais ao arrecadar dinheiro para boas causas e, além disso, envolvem “sorteios não instantâneos”.

Por outro lado, a directora de publicidade do The Guardian, Imogen Fox, disse à Press Gazette que, globalmente, os anúncios de jogos de azar “representam menos de 1% das nossas receitas”, embora tenha acrescentado que se trata de algo “difícil de quantificar” e que “mudou ao longo do tempo”.

Quando questionada pelo Press Gazette, se o The Guardian acha que as emissoras de serviço público do Reino Unido deveriam seguir esta iniciativa sobre a proibição de anúncios de jogos de azar, Fox respondeu que isso é uma escolha desses meios, mas que, de facto, gostaria de saber qual a sua posição.  Nas suas declarações, Bateson deu nota sobre um jornal do governo do Reino Unido ter constatado que “a perda de receita com anúncios de jogos de azar pode prejudicar a capacidade das emissoras de serviço público de cumprir as suas obrigações”.

“Nós podemos tomar este tipo de decisões devido à nossa estrutura proprietária independente, equilibrando o propósito e o lucro”, afirmou a CEO do Guardian, aludindo também ao facto de que, cada vez mais, as receitas das contribuições dos leitores pesam mais do que as que provêm da publicidade.

Já não é a primeira vez que o Guardian toma uma posição do género. Em 2020, a GMG anunciou que deixaria de aceitar anúncios de empresas de combustíveis fósseis, o que levou a um fluxo de doações. “Foi uma decisão muito bem recebida pelos nossos leitores”, porque puderam constatar que a empresa estava a adoptar “uma postura baseada em princípios”.