Duas grandes organizações de média francesas enviaram uma carta aos fabricantes de modelos de inteligência artificial (IA) no sentido de negociar compensações pelo uso dos conteúdos editoriais, noticiou o Le Monde.

“É uma carta de abertura de negociações”, disse Pierre Petillault, director-geral da Alliance de la Presse d’Information Générale (APIG), organização de profissionais dos média franceses, referindo-se à missiva enviada juntamente com o Syndicat des Éditeurs de la Presse Magazine (SEPM).

A mensagem dirige-se a 25 fabricantes de modelos de IA, incluido a OpenAI (empresa-mãe do ChatGPT), a francesa Mistral, a Google, Meta (proprietária do Facebook e do Instagram) e PerplexityAI.

O objectivo das empresas jornalísticas é saber se os seus conteúdos, tanto textos como imagens, estão a ser usados para treinar os modelos de IA. Se for esse o caso, será necessário negociar o pagamento de uma compensação.

As organizações esperam que lhes seja dada uma resposta, no máximo, dentro de um mês.

A “primeira opção” não é “ir para contencioso”, mas é isso que acontecerá se a resposta não for “satisfatória”, adianta Pierre Petillault.

Estas organizações estão, desta forma, a posicionar-se perante a actividade das grandes empresas tecnológicas, tal como têm feito vários grupos de comunicação social nos últimos meses.

Nalguns casos, as empresas de média têm estabelecido acordos com as plataformas digitais. Foi o que aconteceu até agora com o Grupo alemão Springer (Bild, Politico, Business Insider, etc.), o Grupo espanhol Prisa Media (El País, por exemplo), as norte-americanas The Atlantic e Vox Media, os jornais da gigante NewsCorp(The Wall Street Journal, New York Post, The Times, The Sunday Times, The Sun, The Daily Telegraph…) e também o Le Monde, entre outros.

Pelo contrário, o New York Times, oito jornais do Alden Global Capital (entre eles, New York Daily News, Chicago Tribune, Orlando Sentinel, South Florida Sun Sentinel) e alguns bancos de imagens têm avançado com processos em tribunal contra as empresas tecnológicas.

(Créditos da fotografia: Solen Feyissa no Unsplash)