O Conselho de Redacção (CR) do Diário de Notícias (DN) rejeitou, por maioria, a nomeação de José Júdice como director e, por unanimidade, deu um parecer negativo a Ana Cáceres Monteiro como subdirectora. 

A administração da Global Media Group (GMG), que detém o DN, e que tinha indicado os nomes, reafirmou a sua confiança nos dois profissionais, bem como no director-adjunto, Leonídio Paulo Ferreira. 

“Tal como foi já oportunamente transmitido a esse Conselho de Redacção, a próxima entrada em funções da nova Direcção marcará uma nova fase na vida deste jornal, que passará necessariamente pelo reforço de investimento em recursos humanos, infra-estruturas e inovação, factores essenciais para o necessário crescimento e reafirmação de um jornal que é, como todos sabemos, uma referência ímpar no panorama dos ‘media’ em Portugal, e cujo papel na sociedade portuguesa urge redignificar”, refere um comunicado do Conselho de Administração citado pela agência Lusa.

José Júdice e Ana Cáceres Monteiro encontraram-se com membros do CR, para uma avaliação da situação. O director apontado apresentou os planos para o jornal –  “'no mínimo duplicar a redacção - neste momento composta por 13 jornalistas/redactores, seis editores, três editores executivos, mais dois directores, ou seja, 24 jornalistas no total no total -, 'reforçar a parte gráfica', 'reforçar a revisão' e reduzir aquilo que denominou de 'profusão de textos de opinião'", refere o comunicado.

José Júdice referiu ainda a intenção de realizar uma renovação da imagem do DN, além do lançamento de novos produtos – como uma edição reforçada de com edição de semana com “vários suplementos”.

Relativamente ao “online”, José Júdice "defendeu também o reforço e mais meios", admitindo, no entanto, "que ainda não sabe" qual o orçamento que terá para o relançamento.

"Os membros eleitos do CR não podem deixar de notar que os planos e projecto apresentados, ainda que em parte vão ao encontro do que a redacção almeja e defende, suscitam algum cepticismo quanto à sua exequibilidade, depois de longos anos em que o percurso traçado pelas sucessivas direções e administrações, malgrado declarações iniciais de 'reinvestimento', 'revalorização', e 'redignificação', foi no sentido inverso, de notória desvalorização da redacção e do título".

O CR refere ainda que "José Júdice assumiu não ler a imprensa portuguesa, apenas a estrangeira".

O CR considerou ainda que apesar de Ana Cáceres Monteiro ter “'capacidade de trabalho' e de 'coordenar equipas', o percurso e perfil desta jornalista, com carreira maioritariamente ligada às publicações de 'lifestyle' e da chamada 'imprensa cor-de-rosa', suscitam reservas sobre a mais-valia da sua incorporação na direcção do Diário de Notícias, numa altura de urgente reforço da credibilidade do jornal e do seu reposicionamento enquanto referência de um jornalismo de qualidade".

 "O CR teve conhecimento de uma acusação de plágio, ocorrida em abril, quando Ana Cáceres Monteiro era subdiretora do Jornal Económico (JE), de um texto de uma jornalista do Dinheiro Vivo (DV, suplemento económico do Diário de Notícias)", detalha.

De acordo com o CR, Ana Cáceres Monteiro "admitiu um 'erro grave', assegurando, no entanto, que não houve 'dolo' da sua parte, mas uma confusão num momento de stress entre o texto de um 'press release' enviado por uma agência e as pesquisas próprias sobre o tema que fez 'online', que incluíam o texto da jornalista do DV".

"Confrontado com a situação, o director indigitado assumiu que já sabia do caso, embora tenha demonstrado no decorrer da reunião que não tinha conhecimento dos factos todos", tendo reconhecido tratar-se de "um erro grave e imperdoável", "uma situação deontologicamente inaceitável", mas assegurou que o erro fora "já assumido".