Jornalistas de investigação do DeSmog, site jornalístico e activista sobre mudanças climáticas, analisaram horas de filmagens online, nas transmissões do GB News, hospedadas no YouTube, e inspeccionaram comentários feitos por apresentadores do canal, a quem acusam de querer contrariar dados científicos “amplamente aceites”, sobre as alterações do clima.

A verdade é que a meta do Reino Unido sobre alcançar “emissões líquidas zero de dióxido de carbono” até 2050, foi recebida com críticas por parte de alguns profissionais dos media.

No caso analisado, do GB News, seis dos apresentadores foram excluídos desta análise, por serem pivôs ou repórteres, que segundo a investigação, não expressam opiniões. Dos 31 restantes, 16 criticaram negativamente as acções que têm sido tomadas relativamente às alterações climáticas. Esses apresentadores, fizeram as suas críticas enquanto estavam no ar. Dez deles, desafiaram ou rejeitaram as ideias base da ciência do clima, quanto a descobertas científicas sobre a forma como os humanos estão a afectar o clima, bem como quanto ao papel que a crise climática desempenha em eventos climáticos extremos.

De acordo com o DeSmog, os 16 apresentadores terão utilizado os seus programas para atacar as políticas climáticas do Reino Unido, nomeadamente alegações de que certas medidas vão levar a mortes, por pobreza e fome.

Segundo a análise, quando o Met Office, serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, alertou para o facto de que as altas temperaturas estavam ligadas à crise climática, o apresentador do GB News, Calvin Robinson, terá acusado o meteorologista oficial de criar “alarmismo”.  

“Mudanças climáticas provocadas pelo homem, não acredito”, acrescentou.

Já a apresentadora Bev Turner, terá dito que os alertas sobre as ondas de calor são “provocadores de medo” para “facilitar o controlo sobre a tua vida”. A “propaganda da questão verde” será “parte de um plano para registar-nos a todos numa identificação biométrica e um sistema de pontuação de crédito social, que dirá quando podes e não podes sair de casa, pelo bem do planeta.”, afirmou.

Segundo a pesquisa, outro apresentador, Mark Dolan, terá dito, num dos seus programas que “perseguir cegamente o «net zero» ameaça acelerar o declínio do Oeste e, portanto, representa uma ameaça existencial ao mundo livre”, referindo-se à meta estabelecida pelo Governo do Reino Unido.

Quanto a Nigel Farage, apresentador e político britânico – que tem um longo histórico de oposição às acções climáticas – terá dito, numa das transmissões do seu programa, para se lançar uma campanha para um referendo ao estilo do Brexit sobre a questão “net zero”.

Sobre este estudo, um porta-voz da GB News disse que a pesquisa do DeSmog continha “inúmeras imprecisões, inconsistências e uma boa dose de desinformação” e argumentou que a sua metodologia “falhou em incluir nuances e contexto” e enfatizou o facto de que “o GB News abrange uma ampla gama de vozes em todas as questões importantes, como é o caso das mudanças climáticas e da política”, referiu.

O DeSmog “procurou apenas uma visão, mas, ao fazê-lo, excluiu todos os outros apresentadores, convidados, políticos e comentadores do GB News, que argumentaram de forma robusta e contundente diferentes pontos de vista sobre política e ciência climáticas. A GB News tem orgulho de fazer perguntas difíceis e de abraçar todas as vozes em questões controversas. Acreditamos que é disso que se trata o bom jornalismo.”

Ainda sobre o tema, a deputada do partido Verde, Caroline Lucas, terá dito que “a negação do clima não é apenas factualmente imprecisa – também é profundamente perigosa e coloca em risco todos os nossos esforços para enfrentar a emergência climática”.

“Agora, mais do que nunca, as pessoas merecem notícias confiáveis e precisas dos nossos media – essa desinformação verdadeiramente tóxica no GB News, não o é”, afirmou. Segundo a deputada, a Ofcom, a entidade reguladoradora, “não pode permitir que essas declarações fiquem sem contestação e sem investigação”.