“Guerra” de tarifas afecta papel de jornal
Num texto publicado na Columbia Journalism Review, Sacha Biazzo, jornalista e videógrafo, dá a conhecer as “réplicas” causadas pelo aumento do preço de papel de jornal canadiano, depois de Donald Trump ter anunciado a imposição de tarifas ao país.
O Canadá é um importante fornecedor de papel de jornal americano - actualmente, estima-se que forneça 80% do papel utilizado pelos jornais dos Estados Unidos da América (EUA). Sacha Biazzo explica que “uma tarifa acrescentaria um encargo significativo aos editores que já se debatem com custos de produção elevados e margens reduzidas, e os analistas dizem que a mera ameaça de uma tarifa complicou a vida das gráficas”.
O jornalista falou com John Galer, editor do Journal-News em Hillsboro, Illinois, que disse que as novas tarifas “representam mais do que apenas um revés financeiro”. Galer edita oito jornais e imprime dezanove outras publicações na sua editora, servindo comunidades rurais que, muitas vezes, não têm outra fonte de notícias. As suas publicações dependem inteiramente do papel de jornal canadiano e estima que uma tarifa de 25% aumentaria os seus custos em cerca de vinte mil dólares por ano, obrigando-o a aumentar os seus preços.
Em 2018, os EUA impuseram tarifas sobre o papel de jornal canadiano e um único fabricante de papel americano pediu direitos sobre as importações canadianas, argumentando que subsídios injustos davam uma vantagem às fábricas canadianas. O autor explica que esta situação fez disparar os preços do papel, o que forçou jornais, especialmente os independentes, a reduzir o número de colaboradores, cortar páginas ou até fechar portas.
A Associação Nacional de Jornais e outros grupos mobilizaram-se para derrubar as tarifas e os legisladores alertaram que os aumentos dos custos aceleravam o declínio do jornalismo local. Embora as tarifas tenham sido posteriormente levantadas, “os estragos já tinham sido feitos, os aumentos de preços nunca foram totalmente revertidos e muitos dos cortes que os jornais fizeram para se manterem à tona tornaram-se permanentes”.
Actualmente, editores de jornais encontram-se no “limbo” e foram obrigados a tomar decisões financeiras para um futuro que não conseguem prever.
Martha Diaz Aszkenazy, presidente da Associação Nacional de Jornais e editora do San Fernando Valley Sun, disse a Sasha Biazzo que toda a indústria se sente abalada pela actual montanha russa política. “Não são apenas as tarifas que nos afectam, é também a incerteza. Está a afetar os nossos clientes que, por exemplo, estão a adiar a tomada de decisões sobre publicidade. Não sei por que razão estamos a fazer isto. Parece que em vez de tornar a América grande, estamos apenas a deixar a América assustada”, concluiu.
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