Abrindo o texto com o subtítulo Merci patron !, a autora reune alguns dos elogios de que se compõe o seu retrato  -  "antigo hacker de reputação sulfúrea", tornado agora "capitão da indústria, dotado de todos os atributos do poder e do sucesso", personagem "fora do comum", "aventureiro excepcional", "hábil e visionário, este ‘anarquista dos tempos modernos’ que zombava do establishment".  

Outro ponto da biografia descreve-o como "ao mesmo tempo admirado e temido, litigante dos processos [no original : procédurier à outrance], que sabe mostrar-se tão impiedoso como magnânimo".  

A partir deste ponto, a ironia do artigo refina, porque, entre outros casos de jornalistas atingidos pelo ímpeto de pôr processos em tribunal, encontra-se precisamente a jornalista Solveig Godeluck, tendo o seu colega de elaboração da biografia, Emmanuel Paquette, sido insultado como "nazi" e "Adolf Hitler".  

O texto recorda, a este respeito, que o jornal Libération foi alvo de cinco processos por difamação, dos quais só saíu condenado o próprio Xavier Niel e a sua empresa Free, por "processos abusivos".

Mas não só jornalistas. Também um investigador e docente universitário foi objecto de uma acção no seu domicílio, com verificação do seu computador, na sequência de uma queixa por calúnias. 

A ironia final é uma citação do próprio empresário, que aqui transcrevemos em tradução livre:

"Quando os jornalistas me chateiam, tomo uma participação [como accionista] no seu pasquim, e depois eles deixam-me em paz."


O texto do artigo no site Acrimed