Agrava-se em Hong Kong a violência contra jornalistas
Com a crescente tensão entre manifestantes e forças policiais nas manifestações de Hong Kong, os jornalistas estão a ser vítimas de violentos ataques, levando alguns meios de comunicação a retirarem as suas equipas das linhas da frente.
"Sinto como se o dedo do gatilho da polícia tivesse ficado mais lasso em direção à imprensa", disse ao IPI Aiden Anderson, um fotojornalista freelancer, que tem realizado a cobertura dos protestos em Hong Kong nas últimas semanas.
Anderson relatou ter sido atingido por uma lata de gás lacrimogéneo, que foi atirada por um polícia directamente contra ele. "Há cada vez menos hesitação em disparar spray de pimenta ou qualquer tipo de arma contra nós", disse.
O vídeo do jornalista e documentarista Martin Buzora, que cobriu também os protestos nas ruas durante a semana passada, disse ao IPI que "os jornalistas locais, em particular, são terrivelmente tratados”.
Ravi R. Prasad, director do IPI, condenou a crescente violência contra a imprensa: "As autoridades de Hong Kong devem garantir que os jornalistas sejam capazes de desempenhar seu papel com segurança e investigar, minuciosamente, quaisquer incidentes de violência contra a imprensa”.
Entre os jornalistas feridos encontra-se Veby Mega Indah, uma jornalista indonésia de 39 anos e editora do Suara Hong Kong News, que foi alvejada pela polícia na cara. A jornalista estava a utilizar um colete de sinalização e um capacete que a identificava como parte da imprensa. Segundo avançou o seu advogado, Veby ficará cega de forma permanente no olho direito.
No dia 1 de Outubro, vários jornalistas foram feridos enquanto cobriam os protestos do “dia de luto”, que marcaram o Dia nacional da China e o 70º aniversário do Partido Comunista Chinês.
Pang Pui Yin, um jornalista do site de notícias Local Press, foi preso quando a polícia começou a dispersar a multidão. Inicialmente o jornalista foi acusado de reunião ilegal e, posteriormente, de agressão a um polícia.
A emissora pública RTHK também informou que um dos seus jornalistas tinha sido atingido na cabeça por um projéctil, e outro foi atingido no joelho por uma bala de borracha. Na sequência dos incidentes, a emissora retirou a sua equipa de reportagem da linha da frente por questões de segurança.
O site Apple Daily reportou que um dos seus jornalistas foi atingido no estômago, durante confrontos, por uma lata de gás lacrimogéneo em Wai Chai. Segundo a Associação de Jornalistas de Hong Kong, duas jornalistas do site Apple Daily foram também atingidas por balas de borracha enquanto entrevistavam um manifestante.
A Stand News também indicou que seis dos seus jornalistas tinham sido feridos durante o dia. Existem ainda outros incidentes de jornalistas e fotógrafos atingidos por líquidos corrosivos, objectos desconhecidos e outros.
Mais informação em Internacional Press Institute.