Conflito com Trump força demissão da presidente da “CBS News”
A presidente da CBS News, Wendy McMahon, vai abandonar o cargo, numa altura em que a estação enfrenta tensões internas e um processo judicial movido por Donald Trump, relacionado com uma entrevista do programa “60 Minutes” a Kamala Harris. Segundo McMahon, “os últimos meses têm sido difíceis. Tornou-se claro que a empresa e eu não concordamos com o caminho a seguir”. Para já, não foi nomeado um sucessor para a presidente demissionária.
Este é o segundo afastamento de alto nível da cadeia noticiosa em pouco tempo, após a demissão do produtor executivo Bill Owens, que alegou ter “perdido a independência editorial”.
A Paramount Global, empresa-mãe da CBS, está a tentar resolver o processo de 20 mil milhões de dólares interposto por Trump, que alega que a entrevista com Harris foi “editada de forma enganosa” para a beneficiar. A CBS nega as acusações, garantindo que a edição “não foi adulterada nem enganosa”.
Segundo fontes próximas, havia receios de que a permanência de McMahon dificultasse um acordo com Trump, sendo que a sua saída poderá facilitar a fusão da Paramount com a Skydance Media. Esta operação exige ainda aprovação da Comissão Federal de Comunicações, presidida por Brendan Carr, nomeado por Trump.
McMahon entrou em conflito com Shari Redstone, accionista maioritária da Paramount, por causa da cobertura da guerra entre Israel e o Hamas. Redstone tem-se tornado “cada vez mais crítica da CBS News”, aponta o Wall Street Journal, considerando que há “um viés anti-Israel” em algumas reportagens.
As tensões tornaram-se públicas no ano passado, quando Redstone defendeu o pivot Tony Dokoupil após críticas à sua entrevista com Ta-Nehisi Coates, autor de um livro que criticava Israel. Redstone não só apoiou o pivot publicamente como também o contactou pessoalmente para demonstrar o seu apoio.
(Créditos da imagem: CBS NEWS)