A revista semanal francesa Valeurs Actuelles, de linha editorial ultraconservadora, encontra-se em vias de ser adquirida por um trio de investidores, entre os quais o bilionário católico Pierre-Edouard Stérin. A intenção de compra foi comunicada à redacção a 26 de Setembro, estando a venda em fase final de negociação e podendo ser concluída nas próximas semanas. 

Após a morte, em Janeiro de 2024, do seu proprietário, o empresário libanês Iskandar Safa, a holding familiar Privinvest passou para as mãos de Akram Safa, que concluiu que a editora Valmonde não se tratava de um activo estratégico. O título tinha sido adquirido em 2015 por 9,2 milhões de euros e está à venda há vários meses, avança o Le Monde. 

O consórcio interessado é liderado por Benjamin La Combe, empresário de 50 anos que vendeu a sua empresa de paisagismo em 2025 e que pretende assumir a presidência do conselho de administração da revista. La Combe planeia reestruturar a gestão e nomear um novo CEO com experiência jornalística para conduzir a estratégia de revitalização do veículo de comunicação social. 

A seu lado estará Pierre-Edouard Stérin, exilado na Bélgica por razões fiscais e conhecido pelo seu perfil ultraliberal. Stérin foi visado em 2024 numa investigação sobre financiamento ilegal do partido Rassemblement National e tem multiplicado investimentos em plataformas digitais e media online, como a rede Explore Media, a conta de notícias na rede social Cerfia ou os meios Neo e Le Crayon. 

O terceiro elemento do grupo comprador é a família Caude, com experiência no sector dos media, tendo fundado a Newsweb em 2002 e posteriormente a Moneyweb, vendida em 2015. 

Num comunicado conjunto, os três investidores afirmaram acreditar no “papel essencial da imprensa no debate público” e prometeram assegurar a sustentabilidade do semanário, com aposta clara na transformação digital e na modernização de formatos. Garantem ainda respeitar a independência da redacção. 

O actual director editorial, Tugdual Denis, deverá manter-se em funções. Sob a sua direcção, a revista adoptou em 2024 uma linha definida como “liberal-conservadora”. Denis sucedeu a Geoffroy Lejeune, afastado em 2023 após apoiar a candidatura de Eric Zemmour nas eleições presidenciais de 2022, e que transitou depois para o Journal du Dimanche, do grupo Bolloré, levando consigo parte da equipa e leitores da Valeurs Actuelles. 

Contudo, a revista atravessa um período de dificuldades: entre 2024 e 2025, a Valeurs Actuelles vendeu uma média de 73 mil exemplares por mês, menos 21,5% que no ano anterior, devido à concorrência reforçada do JDD e ao surgimento do novo semanário conservador JDNews.

(Créditos da imagem: Valeurs Actuelles)