Impresa pode mudar de mãos com entrada no capital da família Berlusconi

A possibilidade de entrada da família Berlusconi no capital do Grupo Impresa, dono da SIC e do Expresso, provocou uma forte valorização das acções na Bolsa de Lisboa, depois de terem estado suspensas. Desde o dia 26 de Setembro que os títulos mais do que duplicaram de valor, passando de 0,126 euros para 0,258 euros, a 30 de Setembro, conforme referiu o jornal electrónico Dinheiro Vivo. Esta evolução representou uma valorização superior a 21 milhões de euros, colocando a cotação em máximos de quase quatro anos.
A “euforia” foi consequência das negociações em curso com a MediaForEurope (MFE), empresa controlada pela família do antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que já detém operações em Itália e Espanha e, recentemente, passou a controlar 75,61% da alemã ProSiebenSat.1, detentora de canais de televisão e plataforma de streaming. O Grupo assume a ambição de se afirmar como um operador pan-europeu líder em conteúdos e tecnologia, integrando canais de televisão e plataformas digitais em vários mercados.
Na comunicação feita à CMVM, a Impresa admitiu a possibilidade de perder o controlo accionista, caso o negócio se concretize, mas sublinhou que “ainda não existe qualquer acordo vinculativo”. Estará em jogo a venda de uma participação de 75% da Impreger, holding que controla 50,31% da Impresa – que é detida pela Balseger (holding da família Balsemão).
A empresa portuguesa atravessa uma fase financeira delicada. Em 2024, registou prejuízos de 66,2 milhões de euros, em grande parte devido a imparidades de activos ligados à televisão e à subsidiária Infoportugal. No primeiro semestre de 2025 acumulou perdas de 5,1 milhões, agravando os resultados negativos do período homólogo, com as receitas consolidadas a recuarem para 85,9 milhões. A dívida líquida subiu para 148,2 milhões de euros. Em paralelo, a Impresa tentou vender a sede em Oeiras ao BPI por 37 milhões, operação que não se concretizou, após já ter alienado o mesmo edifício em 2018 ao Novobanco, num negócio de 24,2 milhões.
O grupo MediaForEurope, que tem como accionista maioritário a Fininvest, detida pela família de Berlusconi, pretende consolidar-se como um agregador europeu de media comerciais. Em 2024, o Grupo registou receitas consolidadas de quase três mil milhões de euros.
Entretanto, os mercados aguardam o desfecho das negociações.
(Créditos da imagem: Impresa)