O Centro Europeu de Jornalismo lançou o primeiro mapa europeu dedicado ao jornalismo ao vivo, uma prática emergente que transforma reportagens em experiências partilhadas com o público. Trata-se de “uma forma de contar histórias em que os jornalistas levam as suas reportagens directamente ao público, no palco, em cafés ou em espaços públicos, misturando factos, performance e emoção para criar uma experiência compartilhada da verdade”. 

Vera Penêda, no site do European Journalism Centre, relata ter testemunhado iniciativas deste género em Amesterdão, Lisboa, Madrid, Viena e Helsínquia, onde viu pessoas “chorarem, rirem e fazerem perguntas no meio da performance diante de estranhos”. Estas experiências mostraram-lhe que “a verdade por si só não comove as pessoas; conexão e empatia, sim. O jornalismo ao vivo oferece um espaço para processarmos informações de forma emocional e colectiva; reformula o jornalismo como uma experiência cívica e artística”. 

Foi neste contexto que Vera Penêda teve a ideia de criar o primeiro mapa europeu de jornalismo ao vivo, com o objectivo de documentar, conectar e dar visibilidade a este campo em crescimento, aproximando profissionais e público. Surge num cenário de “crise de conexão”, marcada pela fragmentação da atenção e pela perda de confiança no jornalismo. “Na era da inteligência artificial, talvez precisemos dar um passo atrás, para nos reconectarmos não apenas com a tecnologia, mas uns com os outros.” 

A iniciativa procura ainda “codificar o conhecimento que emerge dessas experiências e conectar-nos, profissionais e entusiastas do jornalismo ao vivo, além de fronteiras e meios de comunicação”. O EJC acredita que reconstruir a confiança exige também “reimaginar os espaços e as formas do jornalismo”, ligando-o a áreas como as artes e a ciência. 

Segundo os critérios definidos, o mapa inclui iniciativas que combinam prática jornalística e envolvimento presencial, como espectáculos teatrais baseados em reportagens, investigações ao vivo apresentadas em palco, narrativas participativas ou performances híbridas “onde arte e evidência se encontram”. 

Nem todo o evento público com jornalistas é considerado jornalismo ao vivo: “Um podcast gravado diante de uma plateia pode ser ‘jornalismo envolvido’, mas não é jornalismo ao vivo a menos que a performance altere fundamentalmente a maneira como a história é compartilhada e sentida.” 

Para garantir a credibilidade do mapa, o EJC verifica todas as submissões, incluindo apenas projectos “que sigam a ética jornalística e se baseiem em informações verificadas”.

(Créditos da imagem: Mensagem de Lisboa)