O The European Correspondent surgiu da mente de um grupo de jovens jornalistas europeus com o objectivo de criar uma cobertura noticiosa pan-europeia, acessível e diversa. 

O Nieman Lab conta que tudo começou com uma troca de notícias entre dois amigos, um na Suíça e outro nos Países Baixos. A ideia evoluiu para um boletim informativo diário, escrito por correspondentes voluntários espalhados por vários países da Europa. Para captar a atenção de um público europeu disperso, o projecto apostou em relatos curtos e acessíveis, como um artigo de 300 palavras sobre pais que recorreram à fertilização após perderem filhos na guerra do Nagorno-Karabakh. 

Apesar de várias recusas iniciais por parte de fundações de apoio ao jornalismo, a equipa conseguiu crescer graças à sua jovem redacção composta por estudantes, freelancers e recém-licenciados. Os colaboradores, inicialmente não remunerados, foram motivados por oportunidades de visibilidade, desenvolvimento profissional e a possibilidade de contar histórias ignoradas pela grande imprensa. 

Com o passar do tempo, o número de subscritores cresceu rapidamente, passando de dois mil para 70 mil, graças a campanhas digitais bem-sucedidas e à consistência editorial. O sucesso não passou despercebido e a Comissão Europeia concedeu 2,16 milhões de euros ao projecto para desenvolver conteúdos em seis línguas e alargar a sua presença em vários formatos, incluindo podcast e vídeo. 

O financiamento permitiu que os voluntários passassem a ser pagos, foi aberto um escritório em Bruxelas, e a equipa começou a estruturar um plano para garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo assente em receitas provenientes de subscrições, publicidade ética (sem aceitar fundos de empresas de combustíveis fósseis ou tabaco) e mais apoios filantrópicos. 

Já angariaram mais de 100 mil euros de doadores individuais e venderam mil exemplares de um livro com dados jornalísticos. Quando os 24 meses de financiamento expirarem, a equipa terá um plano: receitas dos leitores, anúncios e subsídios. 

A postura dos jovens envolvidos neste projecto gerou também críticas da “velha guarda” do jornalismo europeu. Matthew Karnitschnig, editor-chefe da Euractiv, criticou o financiamento e disse que a União Europeia estava a "deitar o dinheiro dos contribuintes pelo cano abaixo, financiando veículos que têm poucas hipóteses de sobrevivência sem um apoio público substancial". 

Ainda assim, a equipa afirma que o seu foco é claro: independência editorial, jornalismo de proximidade e temas negligenciados pelos grandes meios. Apostam em histórias humanas, migração, alterações climáticas e saúde mental. 

Embora a equipa do European Correspondent seja jovem, apenas um terço dos leitores tem entre 18 e 34 anos, sendo os restantes mais velhos, de diferentes profissões e nacionalidades. A equipa planeia expandir em breve para versões em alemão, francês, espanhol, italiano, polaco e ucraniano.

(Créditos da imagem: imagem retirada do site do Project Oasis)