Portugal perdeu 40% das publicações periódicas em 15 anos

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) divulgou o Relatório de Regulação 2024, documento que traça um retrato detalhado do sector dos media em Portugal e apresenta a actividade regulatória desenvolvida ao longo do último ano. Os dados confirmam que a imprensa está em declínio acentuado.
Entre 2010 e 2024, o número de publicações periódicas registadas em Portugal caiu de 2971 para 1675, uma redução de 40% em 15 anos. Esta quebra teve efeitos especialmente visíveis no plano local: 83 municípios terminaram o ano de 2024 sem qualquer publicação periódica registada.
O relatório da ERC inclui ainda dados estruturais do sector da comunicação social no final de 2024. Estavam então registados:
- 1675 publicações periódicas
- 306 empresas jornalísticas
- 267 operadores de rádio
- 25 operadores de televisão
- 216 serviços de programas (rádio e TV) distribuídos apenas pela Internet
- 16 serviços audiovisuais a pedido
- 2 plataformas de partilha de vídeos
- 14 empresas de sondagens credenciadas
Estes números reflectem uma crescente fragmentação e digitalização do sector, com um número cada vez mais relevante de operadores a actuar exclusivamente online.
Uma imprensa cada vez mais digital
A ERC divulgou também uma actualização a 1 de Agosto de 2025, com dados que reforçam a predominância do digital. Das 1646 publicações periódicas com registo definitivo, a maioria existe apenas em formato online. A periodicidade mais comum é a diária, seguida das edições mensais e semanais.
Geograficamente, os distritos de Lisboa e Porto continuam a concentrar o maior número de publicações, seguidos por Braga, Aveiro e Coimbra. No lado oposto, Beja e Bragança são os distritos com menor representação editorial. O número de municípios sem qualquer publicação periódica com registo definitivo subiu para 85, embora os distritos de Porto e Aveiro se destaquem por manterem publicações periódicas activas em todos os seus municípios.
Os dados revelados pela ERC traçam um cenário desafiante para o jornalismo local em Portugal. A diminuição acentuada de publicações periódicas e a ausência total de jornais em dezenas de municípios alertam para a existência de “desertos noticiosos” e levantam preocupações sobre o acesso à informação e a coesão territorial.
(Créditos da imagem: Sebastião Almeida)