No ano passado, meio milhão de residências no Reino Unido deixaram de pagar a taxa que reverte a favor da emissora pública, BBC, numa tendência que resulta do afastamento da televisão por parte do público mais jovem, noticia o The Guardian.

Os dados foram apresentados no relatório anual da empresa. Neste momento, há 23,9 milhões de residências a pagar a chamada “licence fee”, no valor de 169,50 libras por ano (cerca de 200 euros).

Esta taxa corresponde, de certa forma, à Contribuição Audiovisual que é paga na factura da electricidade em Portugal e que financia parte da RTP.

No entanto, no Reino Unido, a taxa só é obrigatória para as residências em que alguém assiste ou grava programas que estão a passar em directo em qualquer canal de televisão ou programas em directo em qualquer serviço de televisão online, ou, ainda, se alguém consome qualquer programa no BBC iPlayer.

Estas regras são válidas para qualquer dispositivo — televisão, computador, telemóvel ou tablet.

A queda no número de contribuições, que chega numa altura em que as finanças da BBC já se encontravam frágeis, é especialmente motivada pela substituição da televisão pelos serviços de streaming, como a Netflix, ou pelo o YouTube.

Apenas 69% dos britânicos com menos de 16 anos dizem assistir a programas da BBC, sendo que os números são ainda mais baixos entre os mais novos.

A BBC diz estar a ser um desafio competir com “as grandes empresas de média mundiais”, cita o The Guardian.

Futuro incerto

O novo primeiro-ministro, Keir Starmer, e a governante responsável pela Cultura, Lisa Nandy, já disseram que apoiam o financiamento público da BBC.

No entanto, a emissora pública britânica tem até 2027 para chegar a num novo acordo com o Governo e ainda não sabe se o modelo da licence fee será para manter ou se será adoptada outra forma de financiamento público.

O director-geral da BBC, Tim Davie, acolheu o “amplo apoio do novo Governo à transmissão universal de serviço público”, mas disse que a BBC enfrenta “consideráveis ​​desafios financeiros e de mercado”.

A empresa já anunciou que irá eliminar 500 postos de trabalho até Março de 2026.

A BBC é financiada, na maioria, pelas contribuições dos cidadãos. A operadora pública tem, ainda, receitas com origem em actividades comerciais, doações, royalties e rendas.

(Créditos da fotografia: Alexander Svensson, via Wikimedia Commons)