Prémio Europeu Helena Vaz da Silva atribuído ao fotógrafo Thomas Struth
O fotógrafo alemão Thomas Struth é o vencedor da edição de 2024 do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, anunciou o Centro Nacional de Cultura (CNC), em parceria com o Clube Português de Imprensa (CPI) e a Europa Nostra.
Esta é uma forma de homenagem “à excepcional contribuição de um dos maiores fotógrafos do nosso tempo para a promoção do património cultural e dos valores europeus”, lê-se no comunicado. Thomas Struth “retrata pessoas, cidades, museus, ambientes, tecnologias, e é uma revelação para todos daquilo que muitos não conhecem”, descreve o júri.
Thomas Struth afirmou estar “absolutamente encantado” por receber esta distinção. “Sinto-me honrado por fazer parte de uma série de importantes figuras culturais que já receberam este prémio no passado. A consciência de uma Europa unida e do seu património cultural é particularmente importante no mundo de hoje”, acrescentou.
A cerimónia de entrega do prémio acontecerá no dia 21 de Outubro de 2024, na Fundação Calouste Gulbenkian.
O júri decidiu, também, conceder um Reconhecimento Especial à bailarina cipriota Ioanna Avraam, actualmente primeira-bailarina do Ballet da Ópera de Viena, “pela sua contribuição para a promoção do património cultural intangível, promovendo valores como a liberdade, a igualdade e o respeito pela diversidade”.
Na reacção à notícia, Ioanna Avraam sublinhou a importância de “lutar contra todas as formas de desencanto”, incluindo “as guerras de poder, a destruição ambiental, a pobreza, a desigualdade, a exclusão social e o fanatismo religioso e nacionalista”.
O júri do Prémio foi presidido por Maria Calado, presidente do CNC, e integrou, como habitualmente, especialistas independentes nos campos da cultura, património e comunicação de vários países europeus, nomeadamente Francisco Pinto Balsemão (Portugal), presidente do Conselho de Administração do Grupo Impresa, Piet Jaspaert (Bélgica), vice-presidente da Europa Nostra, João David Nunes (Portugal), vice-presidente do CPI, Guilherme d’Oliveira Martins (Portugal), administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Irina Subotić (Sérvia), presidente da Europa Nostra Sérvia e Marianne Ytterdal (Noruega), membro do Conselho da Europa Nostra.
“Uma admirável intuição”
Thomas Struth, que estudou inicialmente pintura, é reconhecido pela sua obra fotográfica desde a década de 1970. Um dos seus trabalhos mais conhecido é a série Museum Photographs, “imagens coloridas monumentais de pessoas a admirar obras de arte em museus”, descreve o anúncio do Prémio.
O fotógrafo é movido pela ideia de que a arte deve “mostrar o que os outros não vêem”. Struth “é um europeu aberto ao mundo, com uma admirável intuição”.
O artista começou por fotografar paisagens urbanas, “evitando sempre locais conhecidos e atracções turísticas”, conta o comunicado.
No final dos anos 1980, começou a fazer retratos de família, tendo deixado uma marca pessoal forte nesse campo — em 2011, foi contratado para fazer o retrato oficial da Rainha Isabel II de Inglaterra e do Príncipe Filipe no 60.º aniversário da sua coroação.
Mais recentemente, Struth esteve dedicado ao projecto Nature & Politics, centrado em fotografias na Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) e no Leibniz Institute for Zoo and Wildlife Research (IZW), “dois dos centros de investigação científica mais prestigiados do mundo, onde a escala e a complexidade da experimentação escapam à maioria de nós”.
O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva foi instituído em 2013 pelo CNC, em colaboração com a Europa Nostra e o CPI, e com o apoio do Ministério da Cultura, do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Turismo de Portugal.
O galardão recorda a jornalista, escritora, activista cultural e política portuguesa Helena Vaz da Silva (1939-2002), em reconhecimento da sua notável contribuição para a divulgação do património cultural e dos ideais europeus.
Os laureados anteriores deste prémio foram Jorge Chaminé, presidente do Centro Europeu da Música (2023), a maestra ucraniana Oksana Lyniv (2022), a coreógrafa de dança contemporânea belga Anne Teresa De Keersmaeker (2021), o poeta português e bibliotecário da Biblioteca do Vaticano José Tolentino Mendonça (2020), a física italiana Fabiola Gianotti (2019), a historiadora e locutora britânica Bettany Hughes (2018), o cineasta alemão Wim Wenders (2017), o cartoonista editorial francês Jean Plantureux, conhecido como Plantu, e o filósofo português Eduardo Lourenço (ex aequo, 2016), o músico e maestro espanhol Jordi Savall (2015), o escritor turco e Prémio Nobel Orhan Pamuk (2014) e o escritor italiano Claudio Magris (2013).
(Créditos da fotografia: Março de 2016, Museu Ludwig, Colónia; Hpschaefer, www.reserv-art.de, via Wikimedia Commons)