"O bom jornalismo consiste em fazer histórias relevantes e parece que nos esquecemos disso no que diz respeito ao jornalismo sobre o clima", afirmou Lars Tallert no mês passado no Fórum Internacional de Jornalismo IMEDD em Atenas, na Grécia.

Agora, num artigo de Hanaa' Tameez, publicado no "NiemanLab", a jornalista destaca alguns dos pontos principais da intervenção do presidente da Parceria para o Jornalismo Sustentável.

Tallert destacou a importância do jornalismo sustentável e o seu papel na sociedade, especialmente no contexto das mudanças climáticas. O presidente da Parceria para o Jornalismo Sustentável enfatiza a necessidade de redefinir a sustentabilidade na indústria de media, considerando não apenas a viabilidade económica, mas também a sustentabilidade social e ambiental.

Tallert refere que o jornalismo sustentável deve focar-se no conteúdo, na sustentabilidade ambiental e social e salienta a importância de criar conteúdos que contribuam para uma sociedade sustentável. Para isso, é essencial implementar modelos de negócios e produção/distribuição ambientalmente sustentáveis, e promover redacções inovadoras e inclusivas.

No painel do Fórum Internacional de Jornalismo IMEDD, Tallert abordou a necessidade de tornar o jornalismo climático mais eficaz, afirmando que muitas vezes nos esquecemos de contar histórias relevantes ao abordar o tema do clima. 

No artigo Hanaa' Tameez apresenta várias ideias e exemplos práticos propostos por Lars Tallert para melhorar a eficácia do jornalismo climático:

 - Contar histórias relevantes: Destacar a importância de abordar histórias sobre o clima que interessem e envolvam o público, indo além da mera apresentação de factos e números. Um exemplo dado foi uma série de reportagens da “Nation Media”, no Quénia sobre culturas resilientes às mudanças climáticas, que obteve sucesso, não apenas do ponto de vista económico, mas também na melhoraria da sustentabilidade da sociedade.

Focar nos benefícios da interacção e mudança: Evitar concentrar-se apenas nas notícias negativas e tristes sobre as mudanças climáticas, e destacar os benefícios do envolvimento e a necessidade de mudança. Isso pode ajudar a reter assinantes e cidadãos mais engajados. Tallert ressalta a importância de capacitar as pessoas em vez de deixá-las desesperadas.

- Integração do jornalismo climático em toda a redacção: Evitar a segregação do jornalismo climático e incorporar o impacto climático em todas as áreas jornalísticas. Isso envolve a integração do jornalismo sobre o clima em diferentes secções, como moda, celebridades, desporto. 

- Adaptação dos formatos para diferentes públicos: Reconhecer que não existe um público de massas. Portanto, os formatos de comunicação devem ser adaptados para atender às preferências e necessidades de diferentes grupos demográficos. Tallert menciona um estudo que está a decorrer sobre como os jovens definem notícias de qualidade, destacando a diferença na percepção em relação à definição tradicional de notícias.

- Abordar os problemas do clima no contexto do aqui e agora: Em vez de se focarem unicamente no que pode acontecer num futuro distante, o jornalismo sobre o clima deve relatar histórias sobre o impacto imediato das mudanças climáticas. Isso inclui destacar as acções heróicas de indivíduos e comunidades que estão a trabalhar para combater as mudanças climáticas.