A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) divulgou os resultados de um estudo sobre “A Sustentabilidade do Sector da Comunicação Social”, no qual faz “uma reflexão sobre os factores mais determinantes na reconfiguração do sector da comunicação social em Portugal, nos últimos anos, e recenseia tendências e oportunidades futuras”. Numa das suas conclusões, a entidade alerta para a utilização de modelos de retenção de custos por parte dos media

Segundo o regulador, “a estratégia de negócio do sector da comunicação social tem assentado na contenção de custos e não na expansão do mercado, a base da sustentabilidade futura”.  

Aliás, “parte-se do entendimento que a sustentabilidade dos media é a capacidade de existir no longo prazo e de fornecer conteúdos em gama e escala, o que implica, simultaneamente, ter sustentabilidade de receitas e capacidade de resistir a pressões políticas e comerciais, mantendo a independência”, refere a entidade.

“Os dados agregados sugerem uma tendência progressiva de diminuição do nível de receitas, o que, aliado à melhoria dos resultados operacionais, líquidos e margens, aponta para uma gestão do negócio assente na contenção de custos e não na expansão do mercado, o que coloca em causa a sustentabilidade futura das empresas do sector”, assinala a ERC.

De acordo com este estudo, as fontes de receita não mudaram significativamente, continuando a publicidade a ser a mais importante.

Para além disso, a ERC conclui, ainda, que “a cobertura noticiosa regional é escassa e, nesta vertente, constata-se alguma dificuldade de captar a atenção dos públicos mais jovens. Uma dificuldade que é mais notória nos segmentos com maior número de concorrentes, onde as empresas enfrentam mais obstáculos à adaptação ao digital e continuam a funcionar em estruturas tradicionais”.

“A pequena dimensão do mercado geográfico português face à oferta plural e de conteúdos por entidades nacionais e internacionais, profissionais ou amadoras, cria a necessidade de repensar as limitações geográficas da oferta de media e ponderar se as ideias históricas acerca de mercado de produto e mercado geográfico ainda fazem sentido no contexto actual”, acrescenta.

A ERC refere também “que o alargamento do mercado geográfico e a fusão de formatos no digital podem abrir caminho para projectos novos e inovadores, que venham colmatar as assimetrias existentes, incluindo as regionais. Identificam-se oportunidades para a oferta de conteúdos diferenciados, credíveis e direccionados, no sentido de desenvolver novas formas de monetização de conteúdos e de diversificar as fontes de receitas das empresas de comunicação social, sem perder o foco na eficiência e actualização tecnológica.”

Ademais, “o alargamento do mercado geográfico pode também gerar oportunidades de consolidação que tradicionalmente não são consideradas, como parcerias no mercado doméstico ou consolidação transfronteiriça”, lê-se no documento.

Quanto às grandes “incertezas que pairam sobre o sector, especialmente quanto às fontes de receitas futuras: mercado publicitário, assinaturas de conteúdos e outras, as quais se encontram agravadas pelo enquadramento de pirataria e pelas divergências fiscais e regulatórias entre países dentro da União Europeia”, a ERC defende que “o papel do Estado poderá ir além do de financiador, posicionando-se como promotor de um sector mais livre e móvel, por via, por exemplo, da actualização da legislação e de procedimentos”.

O regulador considera que “a alocação de apoios deve tomar em consideração, além da dimensão dos órgãos, critérios de reforço da qualidade e quantidade do reporte jornalístico, não só local e regional, como também nacional, bem como a promoção do pluralismo e da educação para os media”.

A versão completa do Estudo “A Sustentabilidade do Setor da Comunicação Social” pode ser lida aqui: https://www.flipsnack.com/ercpt/a-sustentabilidade-do-setor-da-comunica-o-social/full-view.html