O ministro da Justiça do Brasil anunciou a suspensão da plataforma Telegram no país, na sequência de investigações relativas aos recentes ataques nas escolas brasileiras.

A aplicação foi interrompida, após a determinação da Justiça, situação que terá sido motivada pela recusa da empresa em fornecer dados completos sobre grupos neonazis, solicitados pela Polícia Federal do país.

Para além disso, as autoridades, que acusam o Telegram de manter conteúdos de apologia à violência nas escolas, aplicaram-lhe uma multa de cerca de 240 mil euros, por dia, pelo incumprimento na entrega dos dados solicitados.

No entanto, a empresa afirma que a justiça brasileira ordenou a entrega de dados que são impossíveis de obter e diz que vai recorrer da decisão.

A Polícia Federal, por sua vez, diz que a demora do Telegram em fornecer os dados, permitiu que os grupos neonazis sob investigação saíssem da plataforma.

Segundo o jornal Globo, a Polícia Federal tem, ainda, a pretensão de enviar um ofício às empresas de telecomunicações do país, para que suspendam o Telegram das plataformas de aplicações da Google e da Apple.

O governo brasileiro já teria anunciado que iria exigir às plataformas de redes sociais a retirada de conteúdos de apoio à violência nas escolas, na sequência de recentes ataques a instituições de ensino.

Um dos ataques mais recentes, terá causado o homicídio de quatro crianças, sobre o qual vários media brasileiros informaram que não iriam divulgar, nem imagens, nem dados acerca do autor desta situação, que chocou o país.

O Telegram é uma aplicação de mensagens, criada pelos irmãos Durov, uma dupla de empreendedores da Rússia, conhecida pela rede social VKontakte (VK), uma espécie de "Facebook russo".

Em nove anos, a aplicação tornou-se uma das mais populares do mundo, com mais de 500 mil milhões de utilizadores e ganhou maior protagonismo por causa da guerra na Ucrânia, já que tem sido usada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, onde envia discursos e informações sobre ataques.

O Telegram, sediada no Dubai, foi criada com a missão de ser uma aplicação que protege a liberdade e a privacidade dos utilizadores.

No entanto, ao permitir a criação de grupos que podem incluir até 200 mil participantes, a aplicação acabou por aproximar-se de uma rede social, como o Facebook, o Twitter ou o Instagram, na avaliação de especialistas.

A plataforma também deixa que as mensagens sejam enviadas e recebidas sem divulgar o número do telefone.