À medida que o mundo fica cada vez mais às mão, à distância de um click ( um rolo compressor que uniformiza os acontecimentos e insensibiliza o espaço público, até diante das consequências trágicas de um conflito sangrento ou de uma catástrofe natural ) , o leitor vira-se para aquilo que avista e tem por perto, querendo saber o que se passa no seu bairro ou à sua porta.

A sobrevivência da Imprensa em suporte papel, está muito dependente dessa relação próxima com a realidade que pontua o quotidiano das populações. Há uma convicção mais alargada de que enquanto a Internet é universal, a Imprensa é local.

Curiosamente, é ainda nessa Imprensa  que estão a despontar, também,  iniciativas originais de abordagem do digital, destinadas a “globalizar”  a noticia local.

Os emigrantes saídos dos seus países em busca de melhores condições de vida,  acabam por dispor de uma nova e virtuosa  ferramenta  para se manterem informados sobre os eventos da sua terra natal, actualizando o jornal em papel que frequentemente assinam.

Decerto,  não por acaso,  esta dinâmica da Imprensa de proximidade foi agora recompensada com a atribuição de três Prémios Pulitzer, que distinguiram trabalhos publicados em pequenos jornais americanos.

Também não por acaso, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa vai receber , no próximo e simbólico 25 de Abril,  os representantes de 31 publicações centenárias portuguesas, juntamente com a Direcção da API -  Associação Portuguesa de Imprensa, que há muito está empenhada em valorizar a “resistência” de jornais de que se fala pouco, mas que são parte fundamental da nossa paisagem mediática.

Enquanto assistimos ao definhamento em Portugal de jornais   que já foram de referência - e  cujo capital de prestigio tem sido levianamente desbaratado - , há uma “Imprensa de província” que exibe um novo fôlego e promete combinar o papel e o digital,  promovendo a noticia da ocorrência local,  da qual se afastaram os media que ainda não perceberam  que há mais mundo para além do seu umbigo.  É uma Imprensa que promete e de que já se fala…