Um conselho inútil
O Conselho Geral Independente foi inspirado por um órgão da BBC que, nessa altura, já estava em desuso e debaixo de crítica.
Este grupo de bonzos, que no léxico comum rapidamente se tornou conhecido por Conselho Geral Inútil, cumpriu o caderno de encargos que recebeu, afastou Alberto da Ponte e introduziu uma nova equipa que escolheu com o óbvio "agreement" - se não inspiração - do ministro Maduro.
Ao longo dos anos que leva de vida, conhece-se-lhe pouca obra, nenhuma recomendação inovadora e interessante.
Há meses, decidiu fazer prova de vida e apontou o caminho da porta a Nuno Artur Silva com base numa situação que se arrastava há anos e que tinha que ver com a sua participação accionista numa empresa de produção e num canal de cabo - tudo isto já existia antes de o próprio CGI o convidar a ir para a RTP.
O CGI teve a ilusão de que escolhe quem quiser, esquecendo-se de que, pelo menos na área do administrador com o pelouro financeiro, há que haver o acordo do Governo.
Não o procurou e Centeno deixou ficar a coisa a aboborar, fazendo finca-pé em ser ele a dar o nome. Foi o que agora aconteceu. Do CGI, como de costume, não se ouviu um ai. Cumpriram e calaram - na sua génese está o não fazer nada.
É este espírito que mata o serviço público de rádio e televisão.
(Este texto foi publicado originalmente no “Jornal de Negócios”)